Gigantismo de Neutrófilos

O neutrófilo é a principal célula de defesa da resposta imune inata, sendo, portanto, essencial no combate a infecções bacterianas e na resposta inflamatória aguda. No entanto, em determinadas situações patológicas, podem surgir alterações morfológicas importantes, como o gigantismo de neutrófilos.
Em condições fisiológicas, os neutrófilos apresentam tamanho e morfologia relativamente constantes, mas nesse casos essa alteração é um achado que merece atenção tanto do ponto de vista laboratorial quanto clínico.

Fonte: Portal Lab Cursos
O que é o gigantismo de neutrófilos?
O gigantismo de neutrófilos refere-se à presença de neutrófilos anormalmente grandes em esfregaços de sangue periférico. Essas células apresentam, assim, um aumento visível no volume citoplasmático e no tamanho nuclear, às vezes acompanhados de alterações nucleares e citoplasmáticas, como hiposegmentação nuclear e grânulos citoplasmáticos anormais.
Essa alteração não deve ser confundida, contudo, com variações discretas de tamanho que ocorrem em infecções. No gigantismo real, o aumento celular é expressivo e, muitas vezes, associado a distúrbios hematológicos mais graves ou a situações de agressão medular intensa.
Causas do gigantismo de neutrófilos
O gigantismo de neutrófilos é geralmente observado, portanto, em contextos patológicos específicos, como:
1. Neoplasias mielodisplásicas: Nas neoplasias mielodisplásicas (anteriormentechamadas de síndromes mielodisplásicas), há uma maturação anormal das linhagens celulares, levando, desse modo, a neutrófilos displásicos, que podem apresentar gigantismo, hipogranulação e anomalias nucleares como hiposegmentação (pseudo-Pelger-Huët).
2. Síndromes mieloproliferativas: Em condições como leucemia mieloide crônica (LMC) ou policitemia vera, a proliferação desordenada da linhagem mieloide pode, assim, cursar com neutrófilos aumentados em tamanho.
3. Pacientes submetidos à quimioterapia: Durante ou após o tratamento quimioterápico, pode haver liberação de neutrófilos anormais pela medula óssea em regeneração. Esses neutrófilos podem, consequentemente, apresentar gigantismo, associando-se a alterações nucleares e citoplasmáticas de forma transitória ou persistente.
4. Reações leucemoides graves: Infecções severas ou inflamações intensas podem, também, estimular a medula óssea a liberar neutrófilos imaturos e anômalos, ocasionalmente com características gigantes.
5. Síndrome de May-Hegglin: Trata-se de uma rara doença hereditária em que megacariócitos e leucócitos apresentam alterações morfológicas, incluindo gigantismo de neutrófilos.
6. Queimaduras extensas e septicemias: Estímulos extremos à medula óssea podem, igualmente, gerar alterações expressivas de tamanho e forma nos neutrófilos.
Aspectos laboratoriais
O reconhecimento do gigantismo de neutrófilos depende, antes de tudo, da análise morfológica criteriosa do esfregaço de sangue periférico.
Características que auxiliam no reconhecimento
Diâmetro visivelmente maior do que o de um neutrófilo normal (às vezes se aproximando ou superando o tamanho de um monócito);
Citoplasma mais abundante, às vezes basofílico ou vacuolizado;
Núcleo hipossementado ou multilobulado;
Pode coexistir com outras alterações displásicas (como hipogranulação ou anomalias no número de lobos nucleares).
Esses achados devem, portanto, sempre ser correlacionados com o contexto clínico e, em muitos casos, motivam a investigação medular (mielograma e biópsia de medula óssea).
Implicações clínicas
A identificação do gigantismo de neutrófilos é, sem dúvida, um alerta para disfunção hematopoética. Pode indicar:
Progressão de uma neoplasia mielodisplásica para leucemia;
Atividade intensa da medula óssea em infecções graves ou após quimioterapia;
Sinal precoce de doenças hereditárias raras.
Portanto, quando encontrado, deve ser valorizado e acompanhado, ainda, de uma investigação laboratorial mais ampla, que inclua:
Hemograma com análise morfológica detalhada;
Mielograma;
Estudos citogenéticos e moleculares, caso necessário.
Conclusão
O gigantismo de neutrófilos é, sem dúvida, um achado morfológico relevante, embora relativamente raro na prática laboratorial. Sua presença sugere, assim, distúrbios na maturação da linhagem mieloide ou resposta regenerativa intensa da medula óssea.
A correta identificação e interpretação do gigantismo de neutrófilos pode, dessa forma, fazer a diferença no diagnóstico precoce e no manejo de condições hematológicas graves, como nas neoplasias mielodisplásicas e síndromes mieloproliferativas.
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Referências:
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