ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE POR ANTICORPOS FRIOS E QUENTES

ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE POR ANTICORPOS FRIOS E QUENTES

A hemólise dos eritrócitos devido à ação de anticorpos contra sua membrana, é uma das principais causas de anemia hemolítica por fatores internos aos próprios glóbulos vermelhos, denominada anemia hemolítica autoimune (AHAI). A produção anormal de anticorpos pode ocorrer sem uma causa identificável ou como resultado de certas condições médicas, uso de medicamentos e transfusões, entre outras circunstâncias.

Os anticorpos associados a essas condições podem ser classificadas como autoanticorpos, gerados pelo sistema imunológico e direcionados contra 

antígenos presentes nas próprias células sanguíneas, ou aloanticorpos, que surgem após exposição a células sanguíneas de outras pessoas (por exemplo, durante transfusões de sangue ou durante a gestação) e são direcionados especificamente contra essas células sanguíneas estranhas, podendo às vezes atacar também as células próprias que possuem esses antígenos estranhos ligados a elas.

Mecanismo da Hemólise

Quando um anticorpo se liga aos eritrócitos, o tipo de hemólise depende da classe do anticorpo e da distribuição dos antígenos na célula. A presença desses anticorpos na membrana dos glóbulos vermelhos ativa o pode ativar o sistema do complemento.

Macrófagos também reconhecem rapidamente os anticorpos formado na membrana dos glóbulos vermelhos, removendo e destruindo essas células, iniciando a hemólise extravascular, principalmente no baço.

Quando a ativação do complemento vai além do C3b, ocorrem reações que produzem C5b e formam o complexo de ataque à membrana. Esse complexo perfura a membrana dos glóbulos vermelhos, causando vazamento de hemoglobina e outros componentes celulares para o plasma, levando à hemólise intravascular.

Esquema simplificado da cascata do complemento ressaltando na ativação e clivagem das proteínas C3 e C5 – Fonte: Academia de ciência e tecnologia

Anticorpos Quentes e Frios

Na AHAI por anticorpos quentes, os autoanticorpos são mais ativos a temperaturas corporais normais ou próximas a elas (37°C). Os autoanticorpos se ligam aos glóbulos vermelhos na corrente sanguínea e marcando-os para destruição pelo sistema imunológico. Esses anticorpos são geralmente da classe IgG e embora não causem diretamente aglutinação eritrocitária, eles induzem a destruição prematura dessas células pelo sistema mononuclear fagocitário.

Já na AHAI por anticorpos frios, os anticorpos são mais ativos em temperaturas mais baixas do corpo, geralmente abaixo da temperatura normal (37°C), como nas extremidades do corpo, como dedos das mãos e dos pés. Os anticorpos autoimunes envolvidos neste caso são as crioaglutininas, geralmente pertencentes à classe IgM. Esses anticorpos têm afinidade específica pelo antígeno eritrocitário I e demonstram uma reatividade mais forte a temperaturas entre 0 e 10 ºC no organismo e entre 0 e 4 ºC em ambientes laboratoriais. A hemólise que ocorre nesta condição é predominantemente extravascular, devido à capacidade dos anticorpos de se ligarem e ativarem o complemento, especialmente o componente C3b. Contudo, também pode ocorrer uma hemólise intravascular, embora em menor intensidade.

Avaliação Laboratorial

Os exames laboratoriais empregados para investigar anemias hemolíticas têm o propósito de identificar a presença do anticorpo envolvido e, quando possível, identificá-lo. Os testes de Coombs direto e indireto são comumente empregados para essa finalidade.

O teste de Coombs direto é utilizado para detectar a presença de anticorpos que estão aderidos diretamente aos glóbulos vermelhos do paciente. Já o teste de Coombs indireto é empregado para detectar a presença de anticorpos no soro do paciente que podem estar causando a destruição dos glóbulos vermelhos. Ambos os testes são importantes na investigação de anemias hemolíticas e ajudam a determinar o tratamento adequado:

ANEMIA HEMOLÍTICA
Ilustração da reação positiva do teste de Coombs direto Fonte: Academia de ciência e tecnologia
ANEMIA HEMOLÍTICA
Ilustração da reação positiva do teste de Coombs indireto Fonte: Academia de ciência e tecnologia

No hemograma podemos observar a diminuição do hematócrito e da hemoglobina, devido à destruição acelerada dos eritrócitos, há uma redução na quantidade de células vermelhas do sangue e, consequentemente, nos níveis de hemoglobina.

Aumento da contagem de reticulócitos como resposta à anemia, a medula óssea aumenta a produção de reticulócitos, que são glóbulos vermelhos jovens, na tentativa de compensar a perda das células maduras. Possível presença de policromasia: Isso ocorre devido ao aumento da liberação de reticulócitos imaturos na circulação sanguínea.

ANEMIA HEMOLÍTICA
Lâmina de paciente com AHAI, marcada por policromasia, anisocitose e presença de eritroblastos. Fonte: atlas.gechem

Outras alterações incluem: Bilirrubina indireta aumentada: A destruição dos eritrócitos leva à liberação de bilirrubina, que é uma substância produzida durante a quebra da hemoglobina, resultando em icterícia.

Possíveis sinais de hemólise intravascular: Isso pode incluir níveis elevados de LDH (desidrogenase láctica) e haptoglobina reduzida devido à ligação desta última com hemoglobina livre.

Em conclusão, a anemia hemolítica autoimune representa um desafio clínico significativo devido à sua variabilidade na apresentação e ao potencial de complicações graves. É uma condição na qual o sistema imunológico ataca os próprios glóbulos vermelhos do corpo, levando à sua destruição prematura.

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Referências

Naoum, Flávio Augusto Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. 2. ed. – Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

RAMOS, Ana Beatriz Amorim et al. Anemia Hemolítica Autoimune: uma revisão integrativa. E-Acadêmica, v. 3, n. 2, p. e8932258-e8932258, 2022.

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