Poliglobulias: o que você precisa saber

Poliglobulias: o que você precisa saber

Geralmente, define-se como aumento da massa eritroide em sua totalidade, ou seja, com elevação de hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht) e da contagem dos próprios eritrócitos, todos estes acima da referência. O aumento da produção de hemoglobina é o que leva diretamente à manifestação das poliglobulias. Portanto, se houver uma produção significativamente maior de Hb, isso também implica na presença de um maior número de eritrócitos. Como consequência, aumenta-se também os valores do Ht.

Neste contexto, surge outro termo, a “Eritrocitose”, que se refere ao aumento da contagem de eritrócitos, podendo ocorrer sem a elevação dos demais parâmetros. Também podemos fazer uso do termo específico “Eritrocitose Essencial” (ou idiopática) quando nos deparamos com uma poliglobulia de causa inexplicada. Em outras palavras, o paciente não apresenta sinais clínicos ou histórico laboratorial que possam explicar essa descoberta.

Diferenciação

Na prática clínica, a poliglobulia pode se manifestar de duas formas distintas:

  1. Poliglobulia Absoluta: Nesta forma, ocorre o aumento real da massa de células vermelhas com valores superiores aos considerados normais para o hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb) e número de eritrócitos.
  2. Poliglobulia Relativa: Também conhecida como pseudopoliglobulia. Esta variante é o resultado da perda de volume do plasma sanguíneo, o que aumenta proporcionalmente a massa eritroide. Situações como queimaduras extensas e desidratação podem levar a esse tipo de poliglobulia.

São causas da Poliglobulia absoluta:

  1. Poliglobulia primária: Essa condição é caracterizada por um distúrbio na produção de células vermelhas na medula óssea, resultando em uma hiperproliferação, como é observado na Policitemia Vera.
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Hiperviscosidade sanguínea (comum na policitemia vera). Imagem: Hospital Português
  1. Poliglobulia secundária: Nesse caso, a poliglobulia está relacionada ao aumento da produção de eritropoetina como resposta à hipóxia (baixa oxigenação dos tecidos) ou devido à secreção inapropriadamente elevada de eritropoetina.

Sobre a eritropoetina

O hormônio glicoproteico de origem renal, a eritropoetina, assume um papel crucial em nosso sistema. O fígado e outros tecidos também tem a capacidade de produzir esse hormônio, embora cerca de 90% da produção ocorra nos rins.

Células intersticiais ao redor dos túbulos do córtex, e da medula exterior renal são as principais responsáveis pela secreção da eritropoetina. No entanto, antes disso se desenrolar, células específicas também nos rins já detectaram a baixa disponibilidade de oxigênio a nível corporal.

Ilustração representando a dinâmica de recuperação dos níveis normais de oxigênio no sangue após a hipóxia. Imagem: UniCesumar.

Causas da poliglobulia secundária

Diferentes situações podem contribuir para o surgimento deste tipo de poliglobulia, já que está relacionada ao aumento da secreção de eritropoetina devido à hipóxia. Exemplos incluem altitudes elevadas, onde ocorre uma adaptação fisiológica em resposta à baixa tensão de oxigênio.

Elevadas altitudes

No caso do tabagismo, há a formação de carboxihemoglobina prejudica o transporte de oxigênio, induzindo hipóxia e estimulando a produção excessiva de eritrócitos. Doenças como a Doença broncopulmonar obstrutiva crônica (dificuldade de circulação do oxigênio) também podem causar hipóxia, estimulando a produção de eritrócitos. Outra condição é a síndrome da apneia noturna, relacionada à má qualidade respiratória durante o sono.

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Tabagismo. Imagem: Unimed Campinas

Alguns tumores, como hemangiomas cerebelares, miomas uterinos e cistos renais, secretam eritropoetina, imitando a função renal e levando também à poliglobulia. Esses casos se enquadram como secreção inapropriada de eritropoetina. Além disso, medicamentos que simulam a eritropoetina, como a eritropoetina recombinante, também podem causar poliglobulia secundária.

Tratamento e acompanhamento

O tratamento das poliglobulias é personalizado de acordo com a causa subjacente e a condição médica do paciente. Isso pode incluir o uso de medicamentos, tratamento de tumores, mudanças no estilo de vida e outras abordagens. No entanto, independentemente do tratamento escolhido de poliglobulias, um acompanhamento médico regular é essencial, e em alguns casos, pode ser necessário realizar flebotomias frequentes.

Referências

  1. Failace, R., et al. (2015). Hemograma: manual de interpretação. 6ª edição. Editora Artmed.
  2. Zago, M. A., et al. (2013). Tratado de hematologia. 1ª edição. Editora Atheneu.
  3. Bain, B. J. (2016). Células sanguíneas – um guia prático. 5ª edição. Editora Artmed.
  4. Naoum, F. A. (2017). Doenças que alteram os exames hematológicos. 2ª edição. Editora Atheneu.
  5. Júnior, J. A. S., Ferreira, M. I. de A., & Mendes, V. L. B. (2021). Abordagem das poliglobulias: com referência à um caso clínico / Polyglobulia approach: with reference to a clinical case. Brazilian Journal of Development, 7(10), 97644–97653. https://doi.org/10.34117/bjdv7n10-198. Disponível em: Abordagem das poliglobulias:

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