Parasitas na hematologia: Wuchereria bancrofti
O helminto chamado Wuchereria bancrofti desafia a visibilidade nos esfregaços sanguíneos, mas seu entendimento vai além das análises laboratoriais, conectando-se diretamente com sinais clínicos clássicos na filariose linfática (doença causada pelo Wuchereria bancrofti). A jornada para os analistas começa no ciclo infeccioso, passando pela interação entre o parasita e o hospedeiro humano.
Ciclo infeccioso
Assim como outras hemoparasitoses, o ciclo infeccioso da Wuchereria bancrofti tem início com a picada de um mosquito. O vetor responsável é a fêmea do Culex quinquefasciatus, que transmite a forma juvenil do parasita durante seu repasto sanguíneo. O desenvolvimento subsequente ocorre no sistema linfático do hospedeiro, culminando na formação de vermes adultos machos e fêmeas.
As fêmeas, por sua vez, liberam microfilárias na corrente sanguínea do paciente, perpetuando o ciclo infeccioso. A Wuchereria bancrofti destaca-se entre os parasitas pela sua morfologia. Dentro do hospedeiro, assume uma forma delgada, longa e branca, assemelhando-se a fios de linha. As fêmeas, notavelmente maiores que os machos, atingem de 7 a 10 cm, enquanto os machos ficam entre 3 e 4 cm. As microfilárias, que representam os vermes em transição, passam por diferentes fases evolutivas.
Manifestações clínicas
A clínica da filariose linfática desenvolve-se em quatro estágios distintos. Inicia-se de maneira assintomática, caracterizada pela presença de microfilárias no sangue. Evolui para uma fase subclínica, na qual danos linfáticos e renais podem ocorrer. O estágio agudo se manifesta com linfangite, adenite e episódios febris, enquanto quadros alérgicos e edema extrafocal também emergem. Por fim, a fase crônica mescla características das etapas anteriores, exibindo baixa parasitemia, linfedema, hidrocele e a temida elefantíase.
Diagnóstico
Para desvendar esse enigma parasitário, o diagnóstico requer uma anamnese minuciosa. Métodos como microscopia, teste a fresco, gota espessa e esfregaço sanguíneo são empregados. Além disso, os testes de ELISA devem identificar o código genético do parasito. Imagens, especialmente ultrassonografias, proporcionam uma visão direta de vermes adultos nas regiões linfáticas. O diagnóstico, verdadeira arte analítica, combina meticulosidade e diversidade de abordagens.
Tratamento
O citrato de dietilcarbamazina (DEC), medicamento principal, destaca-se por sua eficácia em todas as fases do parasita. Quando combinado com ivermectina e albendazol, constitui uma abordagem terapêutica abrangente. No entanto, durante o tratamento, a desintegração do parasita pode desencadear efeitos adversos.
Referências
- TRATADO DE ANÁLISES CLÍNICAS. Sociedade Brasileira de Análises Clínicas. Luiz Fernando Barcelos, Jerolino Lopes Aquino. Editora Artmed. 2018.
- BAIN, B. Células Sangüíneas. São Paulo: Artes Médicas, 1997.
- MORAES, R. G.; LEITE, I. C.; GOULART, E. G. Parasitologia e Micologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008
- NEVES, David Pereira, MELO, Alan Lane, LINARDi, Pedro M., CAMPOS, L. E. M.; PEREIRA, L. F. Eosinofilia pulmonar. J. bras. pneumol. Volume 35. Volume 6. 2009. CDC.
- Parasites – Lymphatic Filariasis. Disponível em: https://www.cdc.gov/parasites/lymphaticfilariasis. Acesso em: 21 de novembro de 2023.
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