LINFÓCITOS REATIVOS NA DENGUE

LINFÓCITOS REATIVOS NA DENGUE

Os linfócitos reativos são variantes morfológicas benignas de linfócitos circulantes presentes no sangue periférico que desempenham um papel importante na resposta imunológica, sendo definidos como formas de ativação dos linfócitos em decorrência a estímulos antigênicos, principalmente virais. Estas células apresentam variações nos detalhes morfológicos e nas características dos marcadores de superfície, mostrando constituir uma mistura heterogênea de tipos celulares.

Estas células foram descritas em 1907, por Türk, em pacientes com mononucleose infecciosa. Posteriormente, vários autores descreveram essas células em condições variáveis, sendo que o termo células mononucleares atípicas foi introduzido para descrever sua variação morfológica, devido à natureza incerta das mesmas. Assim, observou-se que linfócitos reativos também estavam presentes em outras infecções virais.

Na infecção da dengue, essas células são facilmente identificadas. O achado no hemograma de pacientes com suspeita de dengue é uma informação útil que direciona e auxilia o diagnóstico clínico, uma vez que os sintomas e achados laboratoriais da doença não são claros.

Morfologia

Os linfócitos reativos na dengue são caracteristicamente descritos como células de tamanho aumentado em relação aos linfócitos típicos, de formato regular, citoplasma abundante e geralmente com basofilia citoplasmática intensa, sendo esta a forma mais característica. 

Em algumas situações também podem conter zonas claras perinucleares (zona de golgi) e eventual microvacuolização. O núcleo pode se apresentar excêntrico, de formato arredondado ou oval, com e cromatina mais condensada, ou heterogênea

Linfócitos reativos dengue
Linfócitos reativos: Crédito: Time Atlas

A intensa basofilia citoplasmática destas células, é um dos achados marcantesdeste tipo celular. Esta coloração pode ser explicada pela grande quantidade de RNA citoplasmático, situação frequentemente observada em esfregaços sanguíneos de pacientes com dengue.

Variações dos Linfócitos Reativos

Obviamente que a morfologia para os linfócitos reativos não é absoluta, podendo as mesmas apresentarem variações nos paciente infectados e em curso da doença.

Um exemplo comum de ser encontrado são linfócitos reativos sem a presença de hiperbasofilia, ou mesmo de formato mais irregular, com cromatina mais delicada, por vezes podendo apresentar nucléolos visíveis.

linfocitos reativos dengue
Linfócitos reativos Crédito: Time Atlas

As características ainda podem ser combinadas, apresentando células de citoplasma irregular mas também com presença de basofilia intensa. A questão importante, independente da morfologia dos linfócitos reativos, é que a sua contagem deve ser igualmente incorporada as 100 células tradicionalmente contadas na avaliação do esfregaço.

Além da morfologia

As principais alterações hematológicas encontradas no sangue periférico de pacientes com dengue são leucopenia, plaquetopenia e linfocitose com presença de linfócitos reativos. Assim, o analista deve utilizar de todos os dados que dispõe, para reforçar a sua suspeita.

Sabe-se que a presença de linfócitos reativos, apesar de não representar um achado diagnóstico, auxilia no prognóstico da doença, uma vez que sua presença pode ser correlacionada ao tempo de curso da infecção onde costumam ser predominantes a partir do 5º dia da doença.

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Referências

Os linfócitos atípicos. Portal Médico: boletim informação. Instituto de Análises Clínicas de Santos – IACS, 2003. Disponível em: https://www.iacs.com.br/portalmedico/boletim-interno/os-linfocitos-atipicos.

World Health Organization. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Fact sheet, 117. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs117/en/index.html.

Simon MW. The atypical lymphocyte. International Pediatrics. 18:20-22, 2003. 

Türk W. Septische Erkrankungen Bei Verkümmerung DES Granulozytensystems. Wien Klin Wchnschr. 20:157-62. 1907.

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