LEUCEMIA NEUTROFÍLICA CRÔNICA

LEUCEMIA NEUTROFÍLICA CRÔNICA

A Leucemia Neutrofílica Crônica (LNC) é uma neoplasia mieloproliferativa rara, caracterizada principalmente pela leucocitose neutrofílica persistente e pela proliferação clonal de neutrófilos maduros. O diagnóstico da doença é frequentemente desafiador, pois, além da leucocitose, apresenta-se com achados laboratoriais específicos, especialmente no hemograma e no exame morfológico do sangue periférico. A LNC é uma doença complexa com uma apresentação clínica que pode variar desde formas assintomáticas até formas sintomáticas graves, com esplenomegalia maciça e manifestações hemorrágicas.

ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA

A característica principal da LNC é a leucocitose neutrofílica persistente. O hemograma, quando realizado, frequentemente revela uma contagem elevada de leucócitos, geralmente superior a 25 x 10⁹/L, com uma predominância de neutrófilos maduros (80-95%), que podem atingir níveis extremamente altos, chegando até 500 x 10⁹/L em alguns casos. Diferentemente de outras condições com leucocitose, como a leucemia mieloide crônica (LMC), a LNC apresenta um desvio à esquerda mínimo ou ausente, o que significa que, embora existam muitos neutrófilos, os profissionais raramente observam mielócitos e metamelócitos no sangue periférico.

A morfologia dos neutrófilos geralmente não apresenta características displásicas. No entanto, observa-se com frequência a presença de granulação grosseira, um achado comum. Em casos mais avançados, é possível observar corpos de Döhle, inclusões citoplasmáticas compostas por fragmentos do retículo endoplasmático rugoso, que costumam aparecer em infecções bacterianas graves, queimaduras e em condições como a LNC.

CARACTERÍSTICAS ADICIONAIS NO HEMOGRAMA

Além da leucocitose neutrofílica, o hemograma de pacientes com LNC frequentemente revela outros achados:

  • Anemia leve a moderada: Embora a anemia não seja uma característica definidora da LNC, alguns pacientes podem apresentar uma anemia normocrômica-normocítica, geralmente associada à anemia de doenças crônicas.
  • Contagem de plaquetas: A contagem de plaquetas pode ser normal, reduzida ou, menos comumente, aumentada. Morfologicamente, as plaquetas podem ser normais ou, em alguns casos, apresentar características anormais, com plaquetas gigantes e plaquetas com granulação deficiente.
  • Ausência de monocitose, eosinofilia e basofilia: Ao contrário de outras neoplasias mieloproliferativas, a LNC não apresenta monocitose, eosinofilia ou basofilia. Esse aspecto morfológico é importante para o diagnóstico diferencial com outras condições como leucemia mielomonocítica crônica (LMMC), em que a monocitose é uma característica presente.
  • Leucocitose extrema: Nos estágios mais avançados da doença, a leucocitose pode atingir níveis extremos, ultrapassando os 100 x 10⁹/L, refletindo o comportamento clonal e a proliferação descontrolada dos neutrófilos maduros.

ALTERAÇÕES NA MEDULA ÓSSEA

A medula óssea de pacientes com LNC geralmente apresenta hiperplasia granulocítica extrema, com uma razão mieloide/eritroide maior que 10:1. As células granulocíticas são abundantes, e a maturação ocorre sem interrupção, ou seja, não há parada de maturação dos granulócitos. A fibrose medular é rara. Além disso, os megacariócitos na medula óssea geralmente são morfologicamente normais, maduros e hiperlobulados.

ALTERAÇÕES GENÉTICAS ASSOCIADAS A LNC

O principal evento genético associado à LNC é a mutação do gene CSF3R, responsável por regular a granulopoiese. As mutações mais frequentes são as mutações transmembranares proximais, como T618I, que promovem a ativação contínua do receptor e a proliferação descontrolada de neutrófilos. Essas mutações são consideradas diagnósticas para LNC e podem servir como um marcador altamente sensível e específico para a doença.

Além das mutações no CSF3R, outros genes relacionados à regulação epigenética, como ASXL1 e TET2, também têm sido associados à LNC, embora a presença dessas mutações possa indicar um prognóstico mais desfavorável. Essas mutações contribuem para a heterogeneidade genética da LNC e influenciam a evolução clínica e hematológica da doença.

Conclusão

A leucemia neutrofílica crônica apresenta achados laboratoriais característicos que podem ser essenciais para seu diagnóstico. A leucocitose neutrofílica persistente com a presença de corpos de Döhle nos neutrófilos, a ausência de desvio à esquerda significativo e a hiperplasia granulocítica na medula óssea são indicadores importantes para identificar a LNC. Além disso, a presença de mutações no CSF3R tem se mostrado crucial para a confirmação do diagnóstico.

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Referências:

Thomopoulos, T. P., Symeonidis, A., Kourakli, A., Papageorgiou, S. G., & Pappa, V. (2022). Chronic neutrophilic leukemia: A comprehensive review of clinical characteristics, genetic landscape and management. Frontiers in Oncology, 12, 891961.

Acín, P., Romero, M. J., Avellaneda, C., Hernandez, L., & Garijo, J. M. (2002). Leucemia neutrofílica crônica: el interés del diagnóstico diferencial. Anales de Medicina Interna (Madrid, Spain: 1984), 19(3), 64–68. https://scielo.isciii.es/scielo.php?pid=S0212-71992002000300015&script=sci_arttext

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