Infecções parasitárias e o hemograma
Infecções parasitárias: profissionais da área de saúde necessitam possuir conhecimento sólido sobre essas patologias, uma vez que a compreensão de sua fisiopatologia abrange não apenas a hematologia, mas também outras áreas essenciais para o cuidado clínico.
Transmissão e Fatores de Risco
Condições sanitárias precárias, como a presença de esgotos a céu aberto e a falta de conhecimento em higiene pessoal básica, estão fortemente associadas às infecções parasitárias intestinais. Estas circunstâncias são mais predominantes em países em desenvolvimento, tornando as infecções parasitárias intestinais um desafio significativo.
Sintomatologia e Consequências
Os sintomas mais clássicos englobam diarreia crônica e desnutrição, indicando não apenas a presença do parasita, mas também o impacto negativo na absorção de nutrientes pelo organismo. A persistência dessas infecções pode conduzir a um declínio do sistema imunológico ao longo do tempo.
Quadro Clínico e Hemograma
O entendimento do quadro clínico envolve a interação entre o agente etiológico, a resposta imunológica TH2, a elevação de IgE e eosinofilia. No hemograma, observam-se variações na contagem de leucócitos, especialmente eosinófilos. A perda crônica de sangue, causada por alguns agentes alojados na parede intestinal, pode resultar em anemia.
A resposta TH2 desempenha um papel central na defesa contra esses parasitos; os linfócitos TCD4 liberam interleucinas (IL-4 e IL-5), estimulando a produção de IgE. Esta, por sua vez, se liga ao antígeno, desencadeando o reconhecimento e a degranulação de eosinófilos. Além disso, há a participação de mastócitos (células teciduais) na destruição e/ou expulsão do parasita.
As helmintíases são os principais grupos responsáveis pela indução de eosinofilia. Ancilostomídeos, Ascaris lumbricoides e Strongyloides stercoralis, por exemplo, podem desencadear eosinofilia, cuja intensidade varia de acordo com a carga parasitária e o estado imunológico do hospedeiro.
Mecanismos de Evasão
Parasitas podem empregar diversos mecanismos de evasão. Por exemplo, alguns protozoários têm a capacidade de se “esconder” do sistema imunológico, o que dificulta ainda mais o combate a essas infecções. Helmintos, por meio de vários atributos, conseguem modular a resposta do próprio hospedeiro contra si, mantendo assim o parasitismo por longos períodos.
Referências
- BAIN, Barbara J. Células sanguíneas: Um guia prático. 5° ed. Artmed. 2016.
- FAILACE. R.; FERNANDES, F. Hemograma: Manual de interpretação. 6° ed. Artmed. 2015.
- NAOUM, F. A. Doenças que alteram os exames hematológicos. São Paulo: Atheneu, 2010.
- Belo, V. S., Oliveira, R. B. de, Fernandes, P. C., Nascimento, B. W. L., Fernandes, F. V., Castro, C. L. F., Santos, W. B. dos, & Silva, E. S. da. (2012). Fatores associados à ocorrência de parasitoses intestinais em uma população de crianças e adolescentes. Revista Paulista De Pediatria, 30(2), 195–201. https://doi.org/10.1590/S0103-05822012000200007. Acesso em: 20 de janeiro de 2024.
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