Histórico de medicamentos no hemograma

Histórico de medicamentos no hemograma

Compreender o histórico do paciente é essencial para assegurar a confiabilidade de um hemograma. Nesse contexto, ter acesso a informações sobre a doença de base, procedimentos e o uso de medicamentos é de suma importância.

Aplicabilidade e importância do hemograma nas urgências e emergências -  Laboratório Vida - Goiânia
Crédito: Laboratório Vida.

Vale ressaltar que os medicamentos têm o potencial de alterar a fisiologia humana e, consequentemente, podem influenciar os resultados dos exames. Portanto, uma avaliação abrangente do perfil medicamentoso e do histórico clínico do paciente é fundamental para a interpretação precisa dos dados do hemograma e para garantir uma abordagem clínica mais precisa.

Interferências medicamentosas

Entre os principais locais de interferência, destaca-se a hematopoiese, a produção ou ativação de anticorpos, a alteração da composição sanguínea e as interações desconhecidas. Essas últimas podem surgir devido à falta de descrição de todos os mecanismos medicamentosos, resultando em interações não previstas, especialmente em pacientes sob tratamento polifarmacológico.

Interferência dos medicamentos nos exames laboratoriais | Newslab
Crédito: NewsLab.

A complexidade das interações medicamentosas destaca a importância de uma análise detalhada do histórico de medicamentos do paciente ao interpretar os resultados de um hemograma, visando garantir uma avaliação precisa de sua condição de saúde.

Classe de medicamentos

Os corticoides, uma classe significativa de anti-inflamatórios, são medicamentos que afetam o metabolismo dos carboidratos, controlam a resposta inflamatória e podem influenciar o hemograma. Um mecanismo conhecido desses medicamentos é a indução de neutrofilia, resultante da inibição da diapedese dos neutrófilos.

Neutrófilos. Crédito: membro do time atlas.

Ou seja, menos neutrófilos conseguem migrar para o tecido, permanecendo na corrente sanguínea, o que leva à leucocitose com neutrofilia. Explorando a inflamação, processo desencadeado por citocinas sinalizadoras, compreendemos que os corticoides desempenham um papel supressor nessa resposta.

No entanto, essa ação também reduz a diapedese, deslocando leucócitos aderidos ao vaso para a circulação e causando neutrofilia, com leucocitose associada. Antibióticos e anti-inflamatórios não esteroides, frequentemente usados em conjunto devido à sua ação contra agentes infecciosos e inflamação, podem resultar em leucopenia, geralmente causada por neutropenia.

Essa resposta é desencadeada por reações imunológicas que produzem anticorpos, suprimindo a produção e estimulando a fagocitose dos leucócitos na medula. Medicamentos que estimulam o fator de crescimento de colônias granulocíticas (G-CSF) caracterizam-se por gerar um hemograma com desvio à esquerda, granulações tóxicas e corpos de Döhle, típicos de uma medula hiperproliferativa.

HemoClass - Hematologia e Medicina Diagnóstica - EU SEI QUE VOCÊ SABE Que  existe granulação nessas células! Mas seria granulação tóxica ou grosseira?  Preciso quantificar em % de neutrófilos, ou em %
Granulações tóxicas. Crédito: HemoClass.

Observação final

A busca por informações sobre o histórico do paciente, especialmente no que se refere ao uso de medicamentos, permite ao analista considerar e relatar interferências reais, contribuindo para uma avaliação mais precisa e, consequentemente, para uma prática clínica de qualidade.

Isso ressalta a importância de uma abordagem holística ao interpretar os resultados de exames, garantindo que fatores externos, como medicamentos, sejam devidamente levados em conta. O entendimento completo do contexto do paciente proporciona uma base mais sólida para tomadas de decisão clínicas informadas e personalizadas.

Referências

  1. CHEMOEXPERTS. Prednisona é um tratamento para tratar Púrpura Trombocitopênica Trombótica Imune (PTI). Acesso em: 05 de dezembro de 2023. 
  2. SOARES, M. Alterações no hemograma devido ao uso de corticoides. Anais da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto. Volume 1. N°1. 2007.
  3. Hemograma: manual de interpretação, Renato Failace; Flavo Fernandes, 6ª edição, 2015
  4. NAOUM, F. A. Doenças que alteram os exames hematológicos. São Paulo: Atheneu, 2010.
  5. Silva, R. S., Domingueti, C. P., Tinoco, M. S., Veloso, J. C., Pereira, M. L., Baldoni, A. O., et al. (2021). Interference of medicines in laboratory exams. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, 57, e2672021. Disponível em: https://doi.org/10.5935/1676-2444.20210014.

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