Colorações hematológicas

Colorações hematológicas

Em outros tempos, Donné, Bennett e Virchow inventaram o microscópio antes mesmo da existência das técnicas de colorações hematológicas, trazendo luz aos estudos de citologia. Nesse contexto, a principal abordagem era a análise da morfologia, uma vez que a coloração ainda não estava disponível. Portanto, é fácil imaginar a dificuldade de reconhecimento celular naquela época.

Romanowsky

O médico russo, Dmitri Leonidovich Romanowsky. Crédito: Wikipedia

Por volta de 1875, um cientista notável chamado Dmitri Leonidovich Romanowsky desenvolveu um corante revolucionário conhecido genericamente como “Romanowsky”. Ele criou uma solução alcoólica composta por azul de metileno e eosina que interage com as estruturas celulares com base nas variações de pH, conferindo características tintoriais às células e proporcionando detalhes colorimétricos. No espectro de pH, chamamos de ácidas as soluções aquosas com valores de 0 a 7, consideramos neutras aquelas com pH igual a 7 e alcalinas as que têm pH entre 7 e 14.

Características dos corantes

Azul de metileno (cora estruturas de pH ácido): Notavelmente alcalino, cora de azul a azul-violeta os ácidos nucléicos, nucleoproteínas, e os grânulos basófilos, e de forma branda os grânulos dos neutrófilos.

Corante azul de metileno. Crédito: Farmax

Eosina (cora estruturas de pH básico): Tipicamente ácida, cora a hemoglobina em tons de laranja e os grânulos eosinófilos. Além disso, contribui para a coloração das proteínas do núcleo.

Corante eosina. Crédito: Synth

Eficiência dos corantes

É importante destacar que as marcas e tipos de corantes podem variar na técnica exata de coloração. Não há um consenso universal sobre a melhor forma de colorir, mas é crucial evitar abordagens de coloração rápida, como o método panótico rápido. O pH da água e do próprio corante (conforme indicado na bula do fabricante) desempenham papéis fundamentais para garantir colorações de qualidade.

Um desafio comum relacionado aos corantes é o tempo de exposição. Ao experimentar um novo corante, podemos ajustar o tempo de uso de acordo com as necessidades específicas. Em algumas situações, a duração da coloração pode se tornar excessivamente ácida ou alcalina. Por exemplo, em uma coloração ácida, os eritrócitos podem ficar excessivamente alaranjados ou vermelhos, enquanto a coloração alcalina confere uma tonalidade azul-esverdeada.

Outro aspecto importante é a presença de resíduos de corantes, frequentemente resultantes do manuseio. Esses resíduos podem ser confundidos com plaquetas e, se estiverem sobre hemácias, podem ser erroneamente identificados como corpúsculos de Howell-Jolly. Portanto, é recomendável filtrar o corante para remover qualquer excesso.

Corantes da rotina laboratorial

As colorações de Leishman, Giemsa, May-Grunwald e Wright, que são variações da técnica do próprio Romanowsky, são comuns na rotina hematológica. Elas variam na concentração e qualidade dos corantes ácidos e básicos. Além dessas, existem outros corantes que têm uso especial e complementar na hematologia.

Lâminas coradas. Acima: Giemsa/Abaixo: May-Grunwald. Crédito: membros do Time Atlas

Um exemplo é o azul de cresil brilhante, que se caracteriza por ser um corante supravital, ou seja, permite que a célula continue seu processo de maturação. Ele é utilizado principalmente na contagem de reticulócitos, pois essa estrutura é corada por este corante.

Lâminas coradas. Acima: Wright/Abaixo: Leishman. Crédito: membros do Time Atlas

Referências

  1. BAIN, Barbara J. Células Sanguíneas: Um Guia Prático. 5ª edição. Editora Artmed, 2016.
  2. MELO, Márcio et al. Laboratório de Hematologia: Teorias, Técnicas e Atlas. 2ª edição. Editora Rubio, 2019.
  3. DOLES REAGENTES. LEISHMAN. Disponível em: http://www.doles.com.br/produtos/instrucoes/LEISHMAN. pdf>. Acesso em: 7 de setembro de 2023.

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