Anemia por perda aguda de sangue

Anemia por perda aguda de sangue

A rápida e significativa redução das hemácias, e consequentemente, da hemoglobina, resulta na anemia por perda aguda de sangue. Esse fenômeno, frequentemente associado a hemorragias agudas, desencadeia uma resposta imediata do organismo, culminando em manifestações clínicas distintas.

Patogênese e causas

Eventos traumáticos, como acidentes domésticos, procedimentos cirúrgicos, ruptura de aneurismas e varizes, frequentemente associam-se à patogênese. Em situações de hemorragia, a perda imediata de sangue desencadeia uma diminuição no volume circulante, iniciando uma cascata de respostas fisiológicas.

Representação da ruptura de um vaso sanguíneo. Crédito: Brasil Escola.

Achados clínicos e sinais

Os sintomas clínicos característicos incluem sede devido à perda de líquidos; pele fria, pálida e úmida, indicando a falta de sangue; taquicardia, reflexo do menor volume sanguíneo, exigindo maior esforço cardíaco para oxigenar os tecidos; diminuição da pressão do pulso e da pressão sanguínea; aumento da frequência respiratória devido à menor quantidade de oxigênio; inquietação ou confusão; e redução do débito urinário, resultante da menor filtração nos rins.

Efeitos fisiológicos

A perda sanguínea aguda tem efeitos diretos no transporte, armazenamento e transferência de oxigênio. A hipovolemia leva à redução do débito cardíaco e da pressão arterial, diminuindo o fluxo sanguíneo para os tecidos. Além disso, a perda de sangue reduz a hemoglobina e a capacidade total de armazenamento de oxigênio, comprometendo a transferência eficaz de oxigênio no sangue.

Estrutura da hemoglobina. Crédito: Brasil Escola.

Avaliação laboratorial

Nas primeiras horas, as alterações podem não ser perceptíveis, pois, de forma proporcional, os elementos sanguíneos são perdidos. Contudo, após o período de normovolemização do corpo (inicialmente com recomposição do plasma), observa-se uma baixa contagem de eritrócitos e diminuição de hematócrito.

Dependendo da suplementação do paciente, podem ocorrer anemias por deficiência de ferro e outros elementos, com alterações de VCM, HCM e CHCM. O RDW pode se elevar a partir do 8º dia, devido à resposta medular com reticulócitos. O leucograma pode apresentar neutrofilia imediata e, posteriormente, desvio à esquerda. O plaquetograma frequentemente revela trombocitose reacional.

Desvio à esquerda. Crédito: Journal of Perinatology.

Morfologia e diagnóstico

Morfologias alteradas diretamente ligadas à perda aguda de sangue não são comumente encontradas, embora a policromasia possa ser observada nos primeiros dias de resposta medular. O diagnóstico e tratamento são inespecíficos, focando na identificação da causa primária do sangramento e na reposição inicial de líquidos. Em casos graves, hemotransfusão e suplementação de ferro e ácido fólico podem ser recomendadas, acompanhadas de monitoramento para complicações adicionais.

Policromasia. Crédito: Universidade Federal de Goiás.

Em conclusão, a anemia por perda aguda de sangue ocorre simplesmente por extravasamento do sangue para fora dos vasos, seja esta perda interna ou externa. A causa primária do trauma, quando externa, é mais facilmente identificada. Os desafios e o investimento de tempo são maiores para perdas agudas internas, exigindo que o corpo médico recorra a exames mais específicos para identificação da causa.

Referências

  1. FAILACE. R.; FERNANDES, F. Hemograma: Manual de interpretação. 6° ed. Artmed. 2015. 
  2. ABCMED, 2012. Hemorragias. O que precisamos saber? Disponível em: https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/293050/hemorragias-o-que-precisamos-saber.htm. Acesso em: 12 de dezembro de 2023.
  3. Oliveira, R. A. G. Hemograma: Como fazer e interpretar. –2.ed.– São Paulo: Red publicações, 2015

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