Anemia hemolítica microangiopática

Anemia hemolítica microangiopática

A Anemia Hemolítica Microangiopática (AHM) torna-se um capítulo complexo no campo das doenças hematológicas. Nessa condição, um turbilhão de eventos coloca as hemácias, responsáveis pelo transporte vital de oxigênio, no centro, levando à sua destruição e desencadeando manifestações clínicas distintas.

Conceito e causas

Ao desvendar o nome da Anemia Hemolítica Microangiopática, percebe-se sua natureza: “Hemolítica” e “microangiopática”, que indicam, respectivamente, a destruição de hemácias e a ocorrência em vasos de pequeno calibre. Trata-se de uma anemia desencadeada por hemólise em capilares, frequentemente desencadeada pela deposição de fibrina ou dano endotelial.

Representação 3D de hemácias normais e danificadas. Crédito: Farmácia Saúde.

A causa subjacente é diversificada, mas todas as etiologias são graves e demandam abordagens terapêuticas específicas. Entre as principais causas, destacam-se a Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT), Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD), Síndrome de Help, eclâmpsia, hipertensão arterial maligna e a síndrome hemolítica urêmica (SHU).

Lâmina de paciente com PTT. Crédito: membro do Time Atlas.

Patogênese

Na PTT, a ação crucial da enzima ADAMTS13 é evidente; sua deficiência, seja funcional ou quantitativa, pode resultar na não clivagem de multímeros de fator de Von Willebrand. Esse cenário propicia a agregação plaquetária antecipada, formando obstáculos ao fluxo sanguíneo e conduzindo à fragmentação das hemácias.

Mecanismo da ADAMTS13. Crédito: ResearchGate.

Já a SHU, frequentemente associada a infecções, especialmente Escherichia coli, apresenta uma toxina shiga-símile que desencadeia uma cascata inflamatória nos rins. Isso resulta em lesões nos vasos, ativação do processo de coagulação e, por conseguinte, hemólise.

Achados clínicos e morfologia

A distinção entre PTT e SHU pode apresentar desafios; em ambos os casos, observa-se a presença de esquizócitos no esfregaço. Distúrbios neurológicos são mais prevalentes na PTT, enquanto a característica distintiva da SHU é a presença de insuficiência renal.

Diagnóstico e tratamento

A análise do esfregaço e a observação das manifestações clínicas são fundamentais para o diagnóstico. A plasmaférese é uma abordagem terapêutica comum, removendo substâncias tóxicas e anticorpos patogênicos. No caso da SHU, o eculizumabe, um anticorpo monoclonal, surge como uma intervenção promissora, visando neutralizar a proteína C5 do Sistema Complemento.

Medicamento usado no tratamento da SHU. Crédito: ICTQ.

Referências

  1. MELO, M. A. W.; SILVEIRA, C. M. Laboratório de Hematologia – Teorias, Técnicas e Atlas. 1° ed. Rúbio. 288p. 2015. 
  2. Bain, Barbara J. Células sanguíneas : um guia prático [recurso eletrônico] / BarbaraJ. Bain ; [tradução: Renato Failace]. – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016.
  3. CIÊNCIA NEWS. Disponível em: https://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/revista_virtual/hematologia/hemato22.pdf. Acesso em: 04 de janeiro de 2024. 
  4. FAILACE. R.; FERNANDES, F. Hemograma: Manual de interpretação. 6° ed. Artmed. 2015. 
  5. ZAGO. M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. Atheneu. p.899. 2013. 
  6. MEDCURSOS (Medgrupo). Volume 2. Anemias parte 2. 2017.

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