Linfoma do Manto e Linfoma Folicular: Aspectos Hematológicos

Os linfomas não-Hodgkin (LNH) compreendem um grupo heterogêneo de neoplasias malignas originadas nos linfócitos do sistema linfático. Entre eles, destacam-se o linfoma do manto e o linfoma folicular, que apresentam características clínicas, morfológicas e laboratoriais mais específicas, as quais são importantes para o diagnóstico diferencial. 

A análise laboratorial, especialmente por meio do hemograma e do esfregaço sanguíneo, fornece dados essenciais para a suspeita clínica e encaminhamento para exames complementares mais específicos, como imunofenotipagem e biópsia.

Linfoma do Manto

O linfoma do manto é uma neoplasia de linfócitos B maduros, caracterizada pela translocação t(11;14)(q13;q32), que resulta na superexpressão da ciclina D1. Essa proteína é responsável pela transição natural da fase G1 do ciclo celular para a fase S.

Dessa forma, a translocação leva à superexpressão da ciclina D1, o que acelera o ciclo celular e promove a proliferação celular descontrolada. Geralmente, esse tipo de linfoma acomete adultos de meia-idade e idosos, manifestando um quadro clínico agressivo com envolvimento sistêmico frequente.

Imagem 1. Linfoma do Manto

Achados Hematológicos

No hemograma, pode ocorrer linfocitose, anemia e trombocitopenia, dependendo do comprometimento medular. Além disso, no esfregaço sanguíneo observa-se linfocitose com predomínio de células linfoides atípicas, com grande variação morfológica.

Geralmente são pequenas a médias, com núcleo irregular, podendo apresentar endentações ou reentrância nuclear. O nucléolo nem sempre é visível, porém geralmente aparece na periferia do núcleo. A cromatina é condensada e o citoplasma escasso.

Linfoma Folicular

Por outro lado, o linfoma folicular é um linfoma indolente, também originado de linfócitos B maduros, derivados dos centros germinativos dos folículos linfoides. É o segundo tipo de linfoma mais comum e apresenta crescimento lento, podendo evoluir por anos sem sintomas significativos.

Imagem 2. Linfoma folicular

Achados Hematológicos

O hemograma geralmente está preservado nas fases iniciais, podendo apresentar linfocitose discreta ou ausência de alterações. Já o esfregaço sanguíneo pode revelar linfócitos pequenos com cromatina condensada e núcleo redondo regular, frequentemente com clivação nuclear, isto é, com aspecto como se o núcleo tivesse sido cortado ao meio, lembrando um grão de café. Também podem apresentar reentrância nuclear em frequentes células.

Diferenças na Análise do Esfregaço Sanguíneo e Hemograma

Essas características morfológicas observadas no esfregaço são sugestivas e orientam a investigação diagnóstica. No entanto, a confirmação do diagnóstico requer estudos imunofenotípicos, citogenéticos e histopatológicos.

Conclusão

Portanto, a avaliação do hemograma e, principalmente, do esfregaço sanguíneo constitui uma etapa essencial no diagnóstico inicial e na suspeita dos linfomas do manto e folicular. A identificação das diferenças morfológicas dos linfócitos circulantes pode direcionar exames complementares e acelerar o diagnóstico definitivo, o que impacta diretamente no manejo clínico e no prognóstico do paciente.

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Referências:

Campo, E., Swerdlow, S.H., Harris, N.L., et al. (2017). The 2016 revision of the World Health Organization classification of lymphoid neoplasms. Blood, 127(20), 2375–2390. https://doi.org/10.1182/blood-2016-01-643569

Swerdlow, S.H., Campo, E., Harris, N.L., et al. (2016). WHO Classification of Tumours of Haematopoietic and Lymphoid Tissues, 4th Edition, Revised. IARC.

Bain, B.J. (2015). Blood Cells: A Practical Guide, 5th Edition. Wiley-Blackwell.