COAGULAÇÃO EXCESSIVA: EMBOLIA PULMONAR

A coagulação sanguínea constitui um mecanismo fisiológico complexo e fundamental para a manutenção da integridade vascular, prevenindo perdas hemáticas significativas em situações de lesão tecidual. Trata-se, nesse sentido, de um processo altamente regulado, que envolve a ativação sequencial de plaquetas, proteínas plasmáticas pró-coagulantes e a conversão do fibrinogênio em fibrina, culminando, por fim, na formação de um coágulo estável. No entanto, a ativação inapropriada ou exacerbada do sistema de coagulação pode, eventualmente, desencadear eventos trombóticos de relevância clínica, como a trombose venosa profunda (TVP) e a embolia pulmonar (EP).
Diante disso, a avaliação do perfil hemostático dos pacientes, sobretudo em cenários cirúrgicos ou em condições predisponentes à hipercoagulabilidade, torna-se de extrema importância para a prevenção de complicações tromboembólicas, bem como para o manejo adequado do risco hemorrágico.

Fisiopatologia da Embolia Pulmonar
De modo geral, a embolia pulmonar decorre de um coágulo sanguíneo, originado nas veias profundas dos membros inferiores, e passa a se deslocar até os pulmões, podendo bloquear uma única ou mais artérias pulmonares. Isso compromete gravemente a oxigenação do sangue e sobrecarrega o coração, gerando alto risco de morte caso não seja diagnosticado e tratado em tempo hábil.
Inúmeros fatores podem contribuir para a formação de coágulos anormais no organismo, como por exemplo, a imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais hormonais, distúrbios genéticos da coagulação, condições inflamatórias crônicas e também cirurgias recentes. Ademais, fatores ambientais, tabagismo e sedentarismo também são relevantes.
Por conseguinte, após a formação do coágulo pode ocorrer o deslocamento do mesmo pelo sistema venoso e coração se alojando nas artérias pulmonares. As consequências estão sujeitas as características do coágulo como o tamanho e a quantidade de êmbolos, condição dos pulmões, grau de funcionamento do ventrículo direito e habilidade do sistema trombolítico intrínseco corporal de dissolver os coágulos. Em casos em que o paciente vai a óbito, frequentemente está associada à insuficiência ventricular direita.
Nesse sentido, a embolia pulmonar está intimamente ligada à deficiência ou disfunção fatores envolvidos na coagulação: Fator II (protrombina) – convertido em trombina, que gera a fibrina, Fator I (fibrinogénio) – forma a rede do coágulo, Fatores X e V – essenciais para a ativação da protrombina, Fatores VIII e IX – atuam na via intrínseca de coagulação, Fator VII – inicia a coagulação na via extrínseca, Fator XIII: estabiliza o coágulo de fibrina. Em suma, a hipercoagulabilidade gerada predispõe à formação de coágulo.
Sintomatologia da Embolia Pulmonar
A apresentação clínica da EP em geral é inespecífica. Os sinais e sintomas dependem, sobretudo, da localização e tamanho do êmbolo e do estado cardiorrespiratório anterior do paciente. No entanto, entre os sintomas mais comuns da embolia pulmonar podemos elencar:
- Falta de ar súbita (dispneia) – sintoma mais comum.
- Dor no peito – que pode ser aguda e piorar com ao respirar
- Tosse – que pode ser seca ou com a presença de sangue (hemoptise).
- Palpitações – sensação de batimento cardíaco acelerado ou irregular.
- Desmaio ou tontura – devido à diminuição do fluxo sanguíneo para os pulmões e ao coração.
- Edema nas pernas – especialmente em casos de trombose venosa profunda (TVP) que precede a embolia pulmonar.
- Sudorese excessiva – como resposta ao estresse cardiovascular.
Diagnóstico
O diagnóstico da embolia pulmonar envolve uma combinação de exames clínicos, análise dos sintomas, histórico médico e avaliação física. Faz-se necessários exames laboratoriais, como D-dímero, que pode ser realizados para auxiliar no diagnóstico, segue-se também exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) do tórax, a angiografia pulmonar ou ultrassonografia Doppler para identificar coágulos nos membros inferiores.
Em resumo, tudo consiste em detectar a presença de coágulos nos pulmões, avaliar a extensão da oclusão e por fim determinar a abordagem terapêutica mais adequada.
Na embolia pulmonar, os resultados de TAP (Tempo de Atividade da Protrombina) e TTPA (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada) em geral não são determinantes, mas orientam o diagnóstico, e nesse casos os valores podem estar nos padrões normais ou expressar pequenas alterações. Por outro lado, o nível de D-dímero tem grandes chances de estar elevado, isso se dá devido ao processo de formação e degradação de coágulos sanguíneos, haja vista a formação de coágulos nos vasos que ao serem rompidos, liberam assim os produto da degradação de fibrina (D-dímero) na circulação sanguínea.
Conclusão
A coagulação excessiva é um problema de saúde grave, com potencial fatal, especialmente quando leva à embolia pulmonar. A prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais para evitar complicações como insuficiência respiratória e choque, que podem ser determinantes. Por fim, a conscientização sobre os sinais clínicos e o manejo da coagulação são fundamentais para a redução das complicações graves e dos números de óbitos causados por esse agravo.
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