HEMOGRAMA NA LEPTOSPIROSE
A leptospirose é uma zoonose amplamente distribuída pelo mundo, causada por bactérias do gênero Leptospira. Sua transmissão ocorre principalmente pelo contato com urina de animais infectados, especialmente roedores, ou com água, solo e lama contaminados, o que a torna uma doença frequentemente associada a condições de saneamento precário e períodos de enchentes.
No Brasil, a leptospirose é um desafio significativo para a saúde pública, sobretudo em áreas urbanas densamente povoadas e com infraestrutura sanitária inadequada.
O ciclo de transmissão é agravado por inundações sazonais, que aumentam a exposição da população à água contaminada. Além disso, a ampla gama de animais reservatórios, incluindo ratos, bovinos, suínos e cães, facilita a manutenção da bactéria no ambiente, contribuindo para surtos recorrentes em períodos chuvosos.
Por ser uma doença amplamente difundida em todo o país, é crucial conhecer o perfil do hemograma de pacientes que apresentam essa condição. A rápida identificação da doença e o monitoramento clínico são essenciais para um diagnóstico preciso.
Manifestações Clínicas da Leptospirose:
As manifestações clínicas da leptospirose apresentam um amplo espectro, desde formas assintomáticas até quadros potencialmente fatais.
A doença evolui em duas fases principais: a fase precoce (ou leptospirêmica) e a fase tardia (ou imune).
Fase Precoce:
Essa fase dura de 4 a 9 dias, os sintomas mais comuns incluem febre alta (chegando a 39 °C), dores musculares intensas, principalmente nas panturrilhas, dor de cabeça, náuseas, vômitos e falta de apetite. Podem também surgir conjuntivite, fotofobia, tosse e, mais raramente, exantema cutâneo e aumento de fígado ou baço.
Fase tardia:
As complicações graves tornam-se mais evidentes. A síndrome de Weil, uma das manifestações clássicas, é caracterizada por uma tríade de icterícia intensa, insuficiência renal e hemorragias.
Outras complicações incluem a síndrome de hemorragia pulmonar, que pode causar tosse seca, dispneia e expectoração com sangue, e lesões pulmonares graves, como sangramentos maciços e a síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). Além disso, podem surgir manifestações hemorrágicas em diferentes sistemas do corpo, incluindo pele, mucosas, órgãos internos e sistema nervoso central, refletindo a gravidade e complexidade dessa fase da leptospirose.
Diagnóstico
O diagnóstico da leptospirose combina métodos laboratoriais diretos e indiretos, escolhidos com base na fase evolutiva da doença.
Na fase precoce, que ocorre nos primeiros dias de sintomas, são utilizados métodos diretos como a detecção da bactéria por meio de cultura ou pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR), que identifica o DNA do agente infeccioso.
Já na fase tardia, que ocorre após a produção de anticorpos pelo organismo, são recomendados exames indiretos, como o teste de ELISA-IgM e o teste de microaglutinação (MAT), que detectam a presença de anticorpos específicos contra Leptospira.
Além disso, outros exames são essenciais para avaliar possíveis complicações e ajudar no manejo clínico. Entre eles, destacam-se o hemograma e análises bioquímicas (ureia, creatinina, bilirrubinas (total e frações), TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina, CPK, sódio e potássio). Esses exames auxiliam no diagnóstico diferencial e na identificação precoce de quadros graves, como insuficiência renal e danos hepáticos, frequentes em casos de leptospirose avançada.
HEMOGRAMA NA LEPTOSPIROSE
Alterações hematológicas mais frequentes, especialmente na fase tardia da doença, incluem:
- Leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda
- Anemia intensa
- Trombocitopenia
Nas fases iniciais da leptospirose, os exames laboratoriais podem apresentar alterações inespecíficas, mas o leucograma tem papel fundamental no auxílio diagnóstico, especialmente após o terceiro dia de sintomas. Esse exame pode ajudar a diferenciar a leptospirose de infecções virais agudas, além disso em pacientes com formas mais graves, como aqueles ictéricos, a contagem de leucócitos pode atingir até 50.000/µL.
A anemia, geralmente normocrômica, pode ser explicada pela hemólise intravascular, que também provoca elevação nos níveis de bilirrubina sérica (normalmente abaixo de 20 mg/dL, mas podendo chegar até 40 mg/dL em infecções graves). Além disso, a redução nos níveis de Hb e Ht durante exames laboratoriais repetidos, sem sinais evidentes de sangramentos, pode ser um indicativo precoce de sangramento pulmonar.
A trombocitopenia é um achado comum na fase tardia, especialmente na quando há Síndrome de Weil, e pode ser associada a manifestações hemorrágicas como epistaxes, petéquias e equimoses.
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Referências:
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