ROULEAUX E O POTENCIAL ZETA DOS ERITRÓCITOS

ROULEAUX E O POTENCIAL ZETA DOS ERITRÓCITOS

A forma dos eritrócitos é mantida graças  ao citoesqueleto, assim como por proteínas extramembranares localizadas na região da bicamada lipídica. Entre essas proteínas, as principais são a espectrina, anquirina, actina e tropomiosina, com o ácido siálico conjugado a elas.

O potencial zeta é um conceito fundamental em biologia celular e bioquímica, especialmente no estudo de células sanguíneas, como as hemácias. Esse potencial influencia a estabilidade das células em suspensão e desempenha um papel crucial em várias condições patológicas, incluindo estados inflamatórios.

A superfície dos eritrócitos possui carga negativa principalmente devido à presença de ácido siálico conjugado a glicoproteínas de membrana. Esse monossacarídeo contém um grupamento carboxila que, em meio aquoso e no pH fisiológico, se ioniza (COO-), sendo o principal responsável pela carga negativa da membrana. Dessa forma, a hemácia influencia a distribuição espacial dos íons em meio salino, como no plasma e em soluções conservantes. Íons de carga oposta se aproximam por atração eletrostática, formando uma nuvem eletrônica ao redor da célula.

Representação esquemática do Potencial Zeta em Eritrócito, com carga superficial negativa.

O potencial zeta refere-se à diferença de potencial elétrico entre a superfície de uma célula (ou partícula) e o meio em que ela está suspensa. Em termos simples, é uma medida da carga elétrica na superfície de uma célula, que influencia sua interação com outras células e moléculas no ambiente circundante.

No caso das hemácias, o potencial zeta é determinado principalmente pela distribuição de cargas negativas na superfície dessas células, devido, em grande parte, à presença de ácido siálico nas glicoproteínas da membrana celular. Esse potencial é responsável por criar uma força repulsiva entre as hemácias, mantendo-as em suspensão e evitando a aglomeração.

Formação de Rouleaux

Um fenômeno notável relacionado ao potencial zeta é a formação de rouleaux, que pode ter importante representação na interpretação de algumas condições.

A formação de rouleaux ocorre quando as hemácias se amontoaam, semelhantes a moedas empilhadas. Esse alinhamento é comum em condições patológicas e é influenciado por uma redução no potencial zeta, que diminui a força repulsiva entre as células, permitindo que elas se aproximem e formem estruturas de rouleaux.

Os rouleaux podem ser observados ao microscópio e estão frequentemente associados a estados inflamatórios, doenças autoimunes e outras condições que afetam a composição do plasma sanguíneo.

Hemácias em Rouleaux. Fonte: Atlas de hemato UFG

Inflamação e Formação de Rouleaux

Em condições inflamatórias, há um aumento na concentração de proteínas plasmáticas, como o fibrinogênio e as globulinas. Essas proteínas têm alta afinidade pela superfície das hemácias, neutralizando parcialmente as cargas negativas (ácido siálico) e, consequentemente, diminuindo o potencial zeta.

Com a redução do potencial zeta, a repulsão entre as hemácias é enfraquecida, facilitando sua aproximação e resultando na formação de rouleaux. Isso é particularmente significativo em doenças como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e outras condições inflamatórias crônicas. Além disso, a formação de rouleaux pode ser influenciada por alterações na viscosidade do sangue e no fluxo sanguíneo, comuns em estados inflamatórios.

Implicações Clínicas

Em exames laboratoriais, a presença de rouleaux pode aumentar a taxa de sedimentação das hemácias (VHS), um marcador amplamente utilizado para avaliar a presença de inflamação no corpo. Valores elevados de VHS são frequentemente observados em pacientes com infecções, doenças autoimunes e outras condições que possam elevar a concentração plasmática de proteínas, mesmo neoplásicas, como no Mieloma Múltiplo.

Além disso, a formação de rouleaux pode contribuir para a obstrução microvascular e hiperviscosidade sanguínea, exacerbando os sintomas em condições inflamatórias crônicas.

Em conclusão, o potencial zeta das hemácias e a formação de rouleaux são aspectos importantes para a compreensão da dinâmica celular,  estados inflamatórios. 

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Referências

NUNES JOVINO, Caueh. Estudo do Potencial Zeta e da Elasticidade de Eritrócitos utilizando Pinças Ópticas e Avaliação da Ação Conservante do Polifosfato de Sódio sobre Eritrócitos. 2011. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.

BÄUMLER, H. et al. Fenômenos básicos da formação de rouleaux de hemácias. Biorheology , v. 36, n. 5-6, p. 439-442, 1999.

NAOUM, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. São Paulo: Atheneu, 2010. 220 p.  

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