Hipersegmentação de Neutrófilos

A análise morfológica dos neutrófilos no hemograma é, sem dúvida, uma etapa fundamental na hematologia laboratorial, pois permite identificar alterações celulares que refletem condições clínicas diversas. De fato, a hipersegmentação de neutrófilos é um dos achados morfológicos mais específicos, estando associada a distúrbios da maturação celular e alterações na síntese de DNA.
Conceito e Critérios Laboratoriais
A princípio, os neutrófilos são granulócitos polimorfonucleares com núcleo segmentado normalmente em 3 a 4 lóbulos conectados por finos filamentos cromatínicos. No entanto, a hipersegmentação é definida pela presença de neutrófilos com 5 ou mais segmentos nucleares. Dessa forma, entre os critérios frequentes para caracterização incluem-se:
- Neutrófilos com ≥ 5 segmentos nucleares;
- Presença de neutrófilos com ≥ 6 lóbulos.
Assim, no exame laboratorial, a identificação precisa da hipersegmentação requer análise manual em esfregaços sanguíneos corados pelo método Romanowsky (Wright ou Giemsa). Portanto, é necessário analisar pelo menos 100 neutrófilos para avaliação quantitativa da frequência de células hipersegmentadas.
Embora os analisadores hematológicos modernos ofereçam dados quantitativos e índices morfológicos, a hipersegmentação não é detectada diretamente por métodos automatizados. Por isso, torna-se imprescindível o exame microscópico para confirmação.

Imagem 1. Neutrófilo hipersegmentado
Significado Clínico da Hipersegmentação de Neutrófilos
Deficiências Nutricionais: Vitamina B12 e Ácido Fólico: A principal associação clínica da hipersegmentação neutrofílica está relacionada à deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico.
Dessa maneira, essa deficiência provoca inibição da síntese de DNA, causando atraso na maturação nuclear dos neutrófilos e consequente segmentação exagerada. Além disso, essa alteração é característica da anemia megaloblástica, frequentemente acompanhada de macrocitose, anisocitose e presença de células megaloblásticas na medula óssea.
Anemia Megaloblástica: No hemograma, a hipersegmentação neutrofílica representa um dos achados morfológicos clássicos da anemia megaloblástica, que se manifesta também com alterações quantitativas e qualitativas dos eritrócitos e leucócitos. Portanto, a identificação da hipersegmentação auxilia no diagnóstico diferencial com outras anemias macro ou normocíticas.
Neoplasias Mielodisplásicas (NMD): Nas NMD, a hipersegmentação pode ocorrer junto com outras displasias neutrofílicas, tais como hipogranulação e anomalias nucleares, refletindo falhas na hematopoiese. Assim, reconhecer essa alteração morfológica é importante para o diagnóstico e monitoramento dessas doenças hematológicas.
Outras Causas
Além das causas já mencionadas, a hipersegmentação pode estar associada a:
- Uso de medicamentos que interferem na síntese de DNA (ex.: metotrexato, hidroxiureia);
- Condições de estresse hematopoiético;
- Idade avançada, em que ocorre uma discreta hipersegmentação fisiológica;
- Algumas infecções crônicas.
Parâmetros Hematológicos Associados
Além da hipersegmentação, o hemograma geralmente evidencia:
- Aumento do volume corpuscular médio (VCM), caracterizando macrocitose;
- Aumento do RDW, indicando anisocitose;
- Pancitopenia ou leucopenia variável.
Desafios Diagnósticos e Relevância Laboratorial da Hipersegmentação de Neutrófilos
A hipersegmentação pode ser subdiagnosticada quando o exame manual não é realizado cuidadosamente ou quando é interpretada fora do contexto clínico. Portanto, seu achado isolado e discreto requer correlação com dados clínicos e laboratoriais para evitar interpretações equivocadas.
Além disso, a presença de neutrófilos hipersegmentados também pode interferir na contagem automatizada, causando falhas ou alertas nos analisadores hematológicos.
Considerações Finais
Em suma, a hipersegmentação dos neutrófilos é um marcador morfológico essencial no hemograma, apresentando grande valor diagnóstico em deficiências nutricionais, síndromes mielodisplásicas e outras condições.
Contudo, seu reconhecimento exige análise microscópica criteriosa e interpretação integrada ao contexto clínico, sendo imprescindível para garantir a excelência e a precisão diagnóstica no laboratório de hematologia.
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Referências:
Bain, B. J. Blood Cells: A Practical Guide, 5th Edition. Wiley-Blackwell, 2016.
Hoffbrand, A. V., Moss, P. A. H., & Pettit, J. E. Essential Haematology, 7th Edition. Wiley-Blackwell, 2016.
Bain, B. J. Diagnosis from the Blood Smear. Wiley-Blackwell, 2015.
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