GRANULÓCITOS IMATUROS: RELEVÂNCIA CLÍNICA E DESAFIOS NA CONTAGEM AUTOMATIZADA

GRANULÓCITOS IMATUROS: RELEVÂNCIA CLÍNICA E DESAFIOS NA CONTAGEM AUTOMATIZADA

A avaliação dos granulócitos imaturos (IG) merecem destaque no diagnóstico laboratorial, especialmente em contextos de infecção e inflamação. Mas o que são essas células, como são contadas pelos analisadores hematológicos modernos e qual sua importância clínica.

O que são granulócitos imaturos?

Durante o desenvolvimento das células granulocíticas na medula óssea, os primeiros estágios observáveis são os mieloblastos, que passam por sucessivas etapas de maturação e diferenciação até se tornarem neutrófilos, eosinófilos ou basófilos. Em condições normais, células imaturas, como promielócitos, mielócitos e metamielócitos, permanecem restritas à medula óssea. No entanto, quando há um aumento na demanda por células de defesa, a medula pode liberar essas formas precocemente na circulação, resultando no chamado “desvio à esquerda”.

Promielócitos Fonte: Cellwiki 

Mielócitos Fonte: Cellwiki

Metamielócitos – Fonte: Cellwiki

O desvio à esquerda é um achado laboratorial comum em infecções, inflamações intensas, leucemias mieloides e estresse medular. Sua identificação auxilia na interpretação do hemograma, principalmente quando acompanhada pela contagem automatizada de Índice de Imaturação Granulocítica (IG%).

Contagem automatizada: tecnologias e métodos

Os analisadores hematológicos modernos utilizam citometria de fluxo, uma técnica que emprega corantes fluorescentes para marcar RNA e DNA celular, permitindo a diferenciação das células com base em suas características físico-químicas.

A contagem de IG% ocorre em canais específicos, dependendo do modelo do analisador hematológico. A distinção é baseada em parâmetros como granularidade celular (dispersão lateral) e teor de ácido nucleico.

Diversos analisadores hematológicos podem oferecer o parâmetro IG, mas embora alguns já o reportem como um dado confiável, outros ainda o utilizam como parâmetro de pesquisa. Alguns modelos tem precisão bastante elevada, variando aproximadamente 7%, o que supera as limitações das contagens microscópicas tradicionais. Estudos comparativos com técnicas avançadas, como citometria de fluxo utilizando anticorpos monoclonais, confirmam sua exatidão.

Fonte: Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos, 2016.

Hemograma com IG elevado: o que significa?

É importante destacar que o IG não é específico para nenhuma doença, mas pode ser um indicador valioso quando interpretado em conjunto com outros resultados clínicos e laboratoriais.

Por exemplo, em algumas situações, como na leucemia mieloide aguda, pode haver uma elevação significativa de formas imaturas de neutrófilos no sangue periférico, independentemente da presença de um processo inflamatório.

Relevância clínica dos granulócitos imaturos:

Indicador de infecção e inflamação:

O aumento dos granulócitos imaturos pode ser um marcador importante em diversos cenários clínicos, incluindo:

Infecções bacterianas e septicemia neonatal: Mesmo isoladamente, uma porcentagem superior a 2% de IG pode indicar a necessidade de investigação de infecções agudas, mesmo na ausência de sinais clínicos evidentes;

Doenças inflamatórias agudas e câncer: Em pacientes com metástase óssea, há uma liberação exacerbada de células imaturas da medula óssea;

Necrose tecidual, rejeição de transplantes e traumatismos: Essas condições levam a um aumento do pool de neutrófilos, refletindo-se na elevação dos granulócitos imaturos.

O desvio à esquerda, caracterizado pelo aumento de neutrófilos imaturos na circulação periférica, está fortemente associado a essas condições. Sua detecção, aliada à contagem automatizada de IG%, pode fornecer informações precoces sobre a gravidade da resposta inflamatória.

Sensibilidade e especificidade:

A contagem de IG apresenta alta especificidade para infecções (83% a 97%), mas sensibilidade relativamente baixa (35% a 40%). Isso significa que um aumento significativo de IG sugere fortemente um processo infeccioso, mas sua ausência não exclui essa possibilidade. Dessa forma, o IG deve ser interpretado dentro de um contexto clínico mais amplo, sem ser utilizado como único critério diagnóstico.

Comparação com a contagem microscópica:

A avaliação tradicional por microscopia tem limitações, pois a baixa concentração dessas células no sangue periférico reduz a sensibilidade da análise. Em contraste, os analisadores automatizados oferecem contagens mais precisas e reprodutíveis, minimizando as variações e erros inerentes à avaliação manual.

Esse avanço contribui para decisões clínicas mais seguras, especialmente em cenários críticos, como a septicemia neonatal e a monitorização de pacientes em terapia intensiva.

A importância do IG na prática hematológica

A contagem automatizada de granulócitos imaturos representa um avanço significativo na hematologia laboratorial. Sua alta especificidade a torna uma ferramenta útil na confirmação de processos infecciosos, mas sua baixa sensibilidade ressalta a necessidade de uma abordagem criteriosa.

Assim, o IG deve ser visto como um parâmetro complementar, auxiliando na identificação precoce de condições críticas e orientando a necessidade de investigações adicionais.

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Referências:

SILVA, Paulo Henrique da et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
BAIN, Barbara J. Células sanguíneas: um guia prático. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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