ERITROPOIESE
Fases Maturativas dos Eritrócitos e Avaliação Laboratorial
A eritropoiese é o processo pelo qual são produzidos os eritrócitos na medula óssea. Este é rígidamente controlado por diversos fatores de crescimento e citocinas, sendo o principal, o hormônio eritropoetina (EPO), produzida prioritariamente pelos rins. A eritropoetina é o principal estimulador da eritropoiese atuando a partir de uma célula indiferenciada mas já orientada para linhagem eritroide, essa célula é capaz, então de responder ao estímulo da EPO na medula.Ocorrem então três divisões mitóticas sucessivas, de modo a se formarem 16 células-filhas. Os proeritroblastos são identificados como as primeiras células identificáveis, em seguida passam pelas diversas etapas de diferenciação até a formação do eritrócito maduro liberado para o sangue periférico.
A mitose ocorre nos estágios iniciais da diferenciação celular, nos proeritroblastos, eritroblastos basófilos e policromáticos. Nos eritroblastos ortocromáticos, entretanto, a divisão celular cessa, e seu núcleo passa por um processo de expulsão.
PRÓ-ERITROBLASTO
Nesta fase inicial da eritropoiese, as células-tronco hematopoiéticas se diferenciam em proeritroblastos. Essas células são grandes, com núcleo grande e pouco condensado. A cromatina é frouxa, e podem ser visíveis nucleolos. Podem ser notadas projeções no seu citoplasma, sendo um achado morfológico característico
Proeritroblastos. Fonte CellWiki
ERITROBLASTO BASOFÍLICO
Os proeritroblastos se transformam em eritroblastos basófilos. Nesta fase, o núcleo ainda é grande, mas começa a se condensar. A cromatina torna-se mais densa, e os nucléolos desaparecem gradualmente. O citoplasma começa a adquirir coloração basófila devido à síntese de hemoglobina.
Eritroblastos basófilos. Fonte CellWiki
ERITROBLASTO POLICROMÁTICO
Os eritroblastos basófilos se transformam em eritroblastos policromatófilos. Nesta fase, a célula diminui de tamanho, o núcleo continua a se condensar e a cromatina assume uma coloração mais densa. O citoplasma adquire uma coloração mais rosada devido à presença de hemoglobina em diferentes estágios de maturação.
Eritroblastos policromatófilos. Fonte CellWiki
ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO
Os eritroblastos policromáticos se transformam em eritroblastos ortocromáticos. Nesta fase, o núcleo é pequeno, densamente condensado. O citoplasma é ricamente corado e contém grandes quantidades de hemoglobina. A maioria das vezes , esta fase é identificada graças a mesma coloração do citoplasma semelhante as hemácias em volta
Eritroblastos ortocromáticos. Fonte CellWiki
ERITRÓCITO POLICROMÁTICO
Os eritrócitos policromáticos já não apresentam o núcleo, também chamado de reticulócitos (visíveis através da coloração azul cresil brilhante) são células jovens, ainda imaturas, contêm traços de ribossomos na forma de grânulos reticulares. Os reticulócitos são então liberados na corrente sanguínea, onde amadurecem completamente em eritrócitos maduros.
Eritrócitos policromáticos. Fonte CellWiki
ERITRÓCITOS MADUROS
Os eritrócitos maduros são bicôncavos com um leve halo central.
Eritrócitos maduros. Fonte CellWiki
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
A avaliação laboratorial da eritropoese é crucial para diagnosticar e monitorar várias condições médicas. A contagem de eritroblastos e reticulócitos no sangue periférico é o principal parâmetro de alterações na fisiologia normal da eritropoiese.
Estes, podem indicar uma excessiva atividade medular por compensação, seja por perda aguda de sangue ou mesmo por condições patológicas, como anemias hemolíticas e hemoglobinopatias:
Eritroblastos em Beta-Talassemia homozigótica. Fonte CellWiki
Alguns analisadores já conseguem liberar a quantidade de eritroblastos/100 leucócitos, especificamente em relação aos analisadores que usam os princípios de impedância elétrica, dispersão ótica e análise das células por sinais de fluorescência de DNA/RNA do núcleo das células.
Contudo aos aparelhos que não possuem essa tecnologia, a presença de eritroblastos em sangue periférico pode aumentar falsamente o número de leucócitos (linfócitos) quantificados pela automação, sendo necessário realizar a correção da contagem global dos mesmos.
Em resumo, a eritropoiese é um processo complexo e altamente regulado que garante a produção adequada de eritrócitos para manter a homeostase do organismo. A avaliação laboratorial de eritroblastos e reticulócitos no sangue periférico é uma ferramenta essencial na avaliação e monitoramento de distúrbios hematológicos, auxiliando os médicos no diagnóstico precoce e no manejo adequado dessas condições.
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Referências
Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006
Naoum, Flávio Augusto
Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Atheneu, 2017
BRITO JUNIOR, Lacy et al. Validação do analisador hematológico Mindray BC6000 para a contagem de eritroblastos em sangue periférico. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 58, p. e4422022, 2022.
MENEZES, A. R. P. et al. CORREÇÃO DA CONTAGEM DE LEUCÓCITOS EM PACIENTE COM NEOPLASIA MIELOPROLIFERATIVA E FRAGMENTOS DE MEGACARIÓCITOS CIRCULANTES NO SANGUE PERIFÉRICO. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, v. 44, p. S550, 2022.
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