Anisocitose e Poiquilocitose: Diferenças e Implicações Clínicas

A análise morfológica das hemácias no hemograma é fundamental para a avaliação de diversas condições hematológicas. Entre as alterações que podem ser observadas, a anisocitose e a poiquilocitose podem indicar importantes achados.
Assim representam respectivamente, alterações na variação de volume e na forma das hemácias, ambas as condições são alterações que servem para o diagnóstico de distúrbios sanguíneos e, portanto, sua correta identificação pode fornecer pistas valiosas sobre a saúde do paciente.
Hemograma e a Análise das Hemácias
O hemograma é um exame laboratorial que permite a avaliação quantitativa e qualitativa dos componentes sanguíneos, incluindo glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. No caso das hemácias, a análise envolve não apenas a contagem, mas também a avaliação de sua morfologia. Observa-se alterações no tamanho e na forma por meio de parâmetros específicos e da análise do esfregaço sanguíneo.
Análise da Anisocitose e Poiquilocitose
O RDW (Red Cell Distribution Width) avalia a variação no tamanho das hemácias e indica a presença de anisocitose. O RDW mede a distribuição do volume das células vermelhas no sangue, refletindo a heterogeneidade do tamanho das hemácias. Assim, valores elevados de RDW sugerem uma grande variação no tamanho das células, o que pode indicar condições como as anemias hemolíticas.
Por outro lado, detecta-se a poiquilocitose por meio da microscopia, já que os parâmetros convencionais do hemograma, como o RDW, não identificam as formas anormais das hemácias. Essas formas irregulares das células podem ser características de várias condições hematológicas e, consequentemente, fornecem informações importantes sobre o tipo e a gravidade da doença.
Anisocitose
A anisocitose refere-se à presença de glóbulos vermelhos de tamanhos variados no sangue. Normalmente, as hemácias têm um tamanho uniforme, mas em casos de anisocitose, pode-se observar hemácias maiores ou menores entre si.
O RDW no hemograma é o indicador que detecta a anisocitose. Quando o RDW está elevado, significa que há uma diferença no tamanho das hemácias, o que pode ser sugestivo de diversas condições, como:
volume diminuído (microcíticas) do que o normal, estas hemácias podem intercalar com as hemácias normais ainda presentes no paciente. Ou mesmo no tratamento (com suplementação de ferro), devem haver hemácias formadas com volume normal, ou mesmo representadas pelos reticulócitos que possuem volume superior.
Anemia Megaloblástica: As hemácias de tamanho normal dividem espaço com as hemácias de maior volume, geradas nesta anemia.
Doenças Crônicas: Algumas condições inflamatórias ou infecciosas podem causar um aumento na anisocitose devido à produção irregular de glóbulos vermelhos.
Embora o RDW ofereça um bom indicador quantitativo, os profissionais devem avaliar a anisocitose considerando também o contexto clínico do paciente, além de outros testes laboratoriais e sinais clínicos.

Poiquilocitose
Em princípio, a presença de hemácias com formas anormais caracteriza a poiquilocitose, que os profissionais identificam por meio da microscopia. Atualmente, essa alteração não é mensurada por parâmetros quantitativos do hemograma. Dessa forma, a poiquilocitose pode ser um indicativo de distúrbios hematológicos.
Tipos de Hemácias Poiquilocíticas
Desse modo, as hemácias poiquilocíticas podem assumir diversas formas, e cada tipo de forma anormal pode estar associado a diferentes condições patológicas. A seguir, descrevem-se alguns dos tipos mais comuns de poiquilocitose:
Drepanócitos (Hemácias em Foice): As hemácias apresentam uma forma de foice ou meia-lua. Esse tipo de alteração é característico das doenças falciformes, uma doença genética em que a hemoglobina anormal causa a deformação das hemácias. Essas células falciformes podem bloquear pequenos vasos sanguíneos, resultando em dor intensa e complicações vasculares.
Esferócitos: São hemácias arredondadas, sem o formato bicôncavo normal. As esferócitos são observadas na esferocitose hereditária, uma condição genética em que as hemácias têm uma membrana celular instável, resultando em destruição precoce das células no baço. Isso pode levar à anemia hemolítica.
Hemácias em Alvo (Target Cells): Apresentam um centro de coloração mais intensa, criando uma aparência de “alvo”. As células em alvo são comuns em condições como esferocitose hereditária, doenças hepáticas e talassemia. Observa-se essas células também quando a quantidade de colesterol na membrana das hemácias aumenta.
Dacriócitos (Células em Forma de Lágrima): As hemácias assumem uma forma alongada, parecendo uma lágrima. Os dacriócitos são típicos de condições como a mielofibrose, onde a medula óssea apresenta dificuldades na produção normal de células sanguíneas.
Eliptócitos: São hemácias alongadas, com a forma de um elipse. São características, principalmente quando em grande quantidade, na eliptocitose hereditária, uma condição genética em que as hemácias apresentam esta forma anormal.

Imagem: Presença de drepanócitos em lâmina.
Conclusão
Embora tanto a anisocitose quanto a poiquilocitose envolvam alterações nas hemácias, elas apresentam diferenças significativas em termos de detecção, características e implicações clínicas. Detecta-se a anisocitose por meio do parâmetro RDW no hemograma, que reflete a variação no tamanho das hemácias, enquanto se identifica a poiquilocitose pela microscopia, observando-se as formas anormais das hemácias.
A identificação precoce dessas condições no hemograma e na microscopia pode fornecer pistas valiosas para o diagnóstico de distúrbios hematológicos, permitindo que os profissionais de saúde implementem tratamentos adequados e monitoramento contínuo para garantir a saúde do paciente.
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Referências:
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