Autor: Atlas em Hematologia

  • Prolinfócitos: explorando suas características

    Prolinfócitos: explorando suas características

    Na sequência maturativa, os prolinfócitos são as células intermediárias entre os linfoblastos e os linfócitos. Em condições fisiológicas e em casos de linfocitoses reacionais, não se devem encontrar estas células no sangue periférico. A presença de prolinfócitos está diretamente associada a distúrbios linfoproliferativos crônicos, como leucemia linfocítica crônica (LLC), leucemia prolinfocítica e leucemia mista (LLC/prolinfocítica).

    Exemplificação da sequência maturativa. Crédito: Time Atlas.

    Prolinfócitos na LLC

    Na LLC, geralmente, os prolinfócitos compõem menos de 10% do total de leucócitos. Por outro lado, na LLC mista, a quantidade de prolinfócitos pode variar de 10% a 55% do total. Na leucemia prolinfocítica, essas células representam mais de 55%. Portanto, desempenha-se um papel crucial na direção do diagnóstico e no monitoramento dessas doenças a identificação e quantificação precisa dos prolinfócitos.

    Como ocorre a liberação

    Primeiramente, devemos reconhecê-los morfologicamente. Essas células apresentam um tamanho médio a grande e têm uma relação núcleo-citoplasma menor que a dos linfoblastos. O núcleo é redondo e central (às vezes deslocado), com cromatina mais compacta que a de seus antecessores.

    De cima para baixo: Prolinfócito e linfoblasto. Crédito: Universidade Federal de Goiás.

    Como característica marcante, eles apresentam um nucléolo proeminente, geralmente central. O citoplasma é discretamente basofílico. É importante notar que, na leucemia prolinfocítica, os prolinfócitos devem apresentar características anômalas.

    Após identificarmos essas células na distensão sanguínea, é necessário contá-las e registrá-las separadamente como parte da contagem diferencial. Geralmente, os laudos laboratoriais não possuem um campo específico para os prolinfócitos, sendo incluídos na contagem diferencial de linfócitos reativos ou atípicos.

    Além disso, na seção de observações do laudo, a presença e a porcentagem de prolinfócitos encontrados devem ser citadas. Abaixo, apresentamos um modelo de como essas informações podem ser relatadas na observação do laudo:

    Exemplo de laudo. Crédito: Time Atlas.

    Contexto clínico

    Além da morfologia celular, devemos considerar o contexto clínico de forma abrangente e integrada. Isso possibilita uma avaliação mais precisa e uma interpretação mais confiável dos resultados da contagem diferencial, especialmente quando temos dúvidas sobre a identificação dos prolinfócitos.

    Lâmina com prolinfócitos. Crédito: Time Atlas.

    A idade do paciente, por exemplo, desempenha um papel relevante, uma vez que a presença destas células está estritamente associada aos idosos. Em pacientes pediátricos, considera-se a presença de prolinfócitos como um achado incomum. Em adultos, por outro lado, a detecção de prolinfócitos pode indicar anormalidades linfoproliferativas, exigindo uma investigação mais aprofundada.

    Além disso, o histórico médico do paciente também é fundamental para uma análise adequada. Informações sobre o Código Internacional de Doenças (CID), diagnósticos prévios, tratamentos realizados e resultados de exames anteriores podem fornecer pistas importantes para uma interpretação correta.

    Referências

    1. de MELO, M. A. W; da SILVEIRA, C. M. Laboratório de hematologia: teorias, técnicas e atlas. 1ª ed. editora, 2015.
    2. MELO, M. Leucemias e Linfomas. 1ª ed. editora, 2008.
    3. Shauna C. Anderson Young e Keila B. Poulsen. Atlas de Hematologia de Anderson, 2ª ed. editora, 2014.
    4. BAIN, B. J. Células Sanguíneas: Um Guia Prático. 5ª ed. Wiley-Blackwell, 2015.
    5. Lorand-Metze I. LLC: critérios diagnósticos, imunofenotipagem e diagnóstico diferencial. Rev Bras Hematol Hemoter [Internet]. 2005Oct;27(4):233–5. Available from: https://doi.org/10.1590/S1516-84842005000400003

  • Poiquilocitose: entenda a presença de hemácias anormais

    Na avaliação do hemograma, mais especificamente do eritrograma, os profissionais comumente utilizam o termo ‘poiquilocitose’. Embora pareça complexo, esta palavra denota a presença de hemácias com morfologia fora do padrão. A poiquilocitose fornece uma riqueza de informações e significados que podem auxiliar na compreensão da saúde de um indivíduo. O uso do termo é generalista, pois cada formato das hemácias tem seu próprio nome.

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    Hemácias típicas

    Quando avaliamos as hemácias ao microscópio óptico, observamos que elas são discos com contornos bem definidos e apresentam um halo esbranquiçado central. Esse halo corresponde precisamente à área onde não há concentração de hemoglobina, uma vez que esta se distribui de maneira uniforme ao longo das bordas da hemácia.

    Hemácias típicas

    Em uma análise de sangue saudável, esperamos encontrar a maioria esmagadora de hemácias normais. Portanto, mesmo na ausência de patologias, devemos considerar a presença de um número menor de hemácias com formato irregular como um indicativo de poiquilocitose identificada.

    A poiquilocitose

    Como já mencionamos, encontramos diferentes tipos de poiquilócitos (referentes às diversas morfologias anormais encontradas nas hemácias), e cada forma pode ter uma relação patológica, embora não seja específica para a saúde do paciente. Portanto, quando um resultado de hemograma indica a presença de poiquilocitose, não estamos apenas fazendo uma observação genérica.

    Da esquerda para a direita. Acima: codócitos, dacriócitos/Abaixo: Acantócitos, drepanócitos.

    É crucial identificar e relatar a forma alterada das hemácias encontradas. Quando um médico recebe um laudo de laboratório que indica poiquilocitose, é essencial que o relatório apresente detalhes sobre a morfologia das hemácias afetadas. Isso ajuda a garantir que o hemograma seja uma fonte direcionadora para um diagnóstico preciso.

    Da esquerda para a direita. Acima: Hemácias borradas, esquizócitos/Abaixo: Esferócitos, queratócitos.

    Poiquilócitos

    • Codócito ou hemácia em alvo;
    • Dacriócito;
    • Equinócito ou hemácia crenada;
    • Acantócito;
    • Hemácia pinçada;
    • Drepanócito;
    • Eliptócito;
    • Hemácia em concha;
    • Estomatócito;
    • Hemácia em bolha;
    • Queratócito;
    • Esferócito;
    • Esquizócito;
    • Hemácia borrada;
    • Hemácia cruzada.

    Contexto clínico

    Os poiquilócitos podem resultar de várias situações, sendo produzidos de maneira anormal na medula óssea ou sofrendo danos após sua entrada na circulação sanguínea. Essas condições podem variar amplamente e podem indicar problemas médicos distintos. Portanto, quando se deparar com um resultado de hemograma que menciona poiquilocitose, esta informação também é valiosa e pode ajudar no diagnóstico e tratamento adequados, quando necessário. Além disso, mesmo com achados mais característicos da poiquilocitose, o médico analisará todo o contexto para tomar uma decisão informada.

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    Referências

    1. Laboratório de hematologia: teorias, técnicas e atlas / Márcio Antonio Wanderley de Melo / Cristina Magalhães da Silveira – 1. ed. –Rio de janeiro: Rubio, 2015.
    2. Bain, Barbara J. Células sanguíneas : um guia prático [recurso eletrônico] / Barbara J. Bain ; [tradução: Renato Failace]. – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016.
    3. Poiquilocitose: anormalidades nas formas dos eritrócitos INML
  • Colorações hematológicas

    Colorações hematológicas

    Em outros tempos, Donné, Bennett e Virchow inventaram o microscópio antes mesmo da existência das técnicas de colorações hematológicas, trazendo luz aos estudos de citologia. Nesse contexto, a principal abordagem era a análise da morfologia, uma vez que a coloração ainda não estava disponível. Portanto, é fácil imaginar a dificuldade de reconhecimento celular naquela época.

    Romanowsky

    O médico russo, Dmitri Leonidovich Romanowsky. Crédito: Wikipedia

    Por volta de 1875, um cientista notável chamado Dmitri Leonidovich Romanowsky desenvolveu um corante revolucionário conhecido genericamente como “Romanowsky”. Ele criou uma solução alcoólica composta por azul de metileno e eosina que interage com as estruturas celulares com base nas variações de pH, conferindo características tintoriais às células e proporcionando detalhes colorimétricos. No espectro de pH, chamamos de ácidas as soluções aquosas com valores de 0 a 7, consideramos neutras aquelas com pH igual a 7 e alcalinas as que têm pH entre 7 e 14.

    Características dos corantes

    Azul de metileno (cora estruturas de pH ácido): Notavelmente alcalino, cora de azul a azul-violeta os ácidos nucléicos, nucleoproteínas, e os grânulos basófilos, e de forma branda os grânulos dos neutrófilos.

    Corante azul de metileno. Crédito: Farmax

    Eosina (cora estruturas de pH básico): Tipicamente ácida, cora a hemoglobina em tons de laranja e os grânulos eosinófilos. Além disso, contribui para a coloração das proteínas do núcleo.

    Corante eosina. Crédito: Synth

    Eficiência dos corantes

    É importante destacar que as marcas e tipos de corantes podem variar na técnica exata de coloração. Não há um consenso universal sobre a melhor forma de colorir, mas é crucial evitar abordagens de coloração rápida, como o método panótico rápido. O pH da água e do próprio corante (conforme indicado na bula do fabricante) desempenham papéis fundamentais para garantir colorações de qualidade.

    Um desafio comum relacionado aos corantes é o tempo de exposição. Ao experimentar um novo corante, podemos ajustar o tempo de uso de acordo com as necessidades específicas. Em algumas situações, a duração da coloração pode se tornar excessivamente ácida ou alcalina. Por exemplo, em uma coloração ácida, os eritrócitos podem ficar excessivamente alaranjados ou vermelhos, enquanto a coloração alcalina confere uma tonalidade azul-esverdeada.

    Outro aspecto importante é a presença de resíduos de corantes, frequentemente resultantes do manuseio. Esses resíduos podem ser confundidos com plaquetas e, se estiverem sobre hemácias, podem ser erroneamente identificados como corpúsculos de Howell-Jolly. Portanto, é recomendável filtrar o corante para remover qualquer excesso.

    Corantes da rotina laboratorial

    As colorações de Leishman, Giemsa, May-Grunwald e Wright, que são variações da técnica do próprio Romanowsky, são comuns na rotina hematológica. Elas variam na concentração e qualidade dos corantes ácidos e básicos. Além dessas, existem outros corantes que têm uso especial e complementar na hematologia.

    Lâminas coradas. Acima: Giemsa/Abaixo: May-Grunwald. Crédito: membros do Time Atlas

    Um exemplo é o azul de cresil brilhante, que se caracteriza por ser um corante supravital, ou seja, permite que a célula continue seu processo de maturação. Ele é utilizado principalmente na contagem de reticulócitos, pois essa estrutura é corada por este corante.

    Lâminas coradas. Acima: Wright/Abaixo: Leishman. Crédito: membros do Time Atlas

    Referências

    1. BAIN, Barbara J. Células Sanguíneas: Um Guia Prático. 5ª edição. Editora Artmed, 2016.
    2. MELO, Márcio et al. Laboratório de Hematologia: Teorias, Técnicas e Atlas. 2ª edição. Editora Rubio, 2019.
    3. DOLES REAGENTES. LEISHMAN. Disponível em: http://www.doles.com.br/produtos/instrucoes/LEISHMAN. pdf>. Acesso em: 7 de setembro de 2023.