Autor: Atlas em Hematologia

  • NEUTROPOESE: IDENTIFICANDO A MORFOLOGIA DA LINHAGEM NEUTROFÍLICA

    NEUTROPOESE: IDENTIFICANDO A MORFOLOGIA DA LINHAGEM NEUTROFÍLICA

    A neutropoese é o processo hematopoiético responsável pela produção e maturação dos neutrófilos, que são leucócitos essenciais na defesa contra infecções bacterianas e fúngicas principalmente. A linhagem neutrofílica, originada na medula óssea, segue uma série de estágios bem definidos que podem ser identificados através da observação microscópica das características morfológicas das células envolvidas. O conhecimento detalhado da morfologia de cada fase da neutropoese é fundamental para o diagnóstico e monitoramento de distúrbios hematológicos, como leucemias e neutropenias.

    Os neutrófilos são granulócitos responsáveis pela primeira linha de defesa do organismo, englobando e destruindo patógenos através da fagocitose e da liberação de enzimas citotóxicas. Produzidos na medula óssea, os neutrófilos representam cerca de 60-70% dos leucócitos circulantes no sangue periférico. A neutropoese segue uma sequência de estágios, desde células precursoras imaturas até os neutrófilos maduros. As principais fases da neutropoese incluem:

    1. Mieloblasto: É a célula mais imatura da linhagem mieloide. Esta célula em geral tem tamanho aumentado, relação núcleo/citoplasma aumentada, com cromatina fina e nucléolos visíveis. O citoplasma pode ser  basofílico com maio ou menor intensidade, podendo exibir ou não granulação.

    2. Promielócito: O promielócito a maioria das vezes é maior que o mieloblasto, com basofilia citoplasmática mais intensa, destacando a presença de grânulos grosseiros (grânulos primários ou inespecíficos) de coloração azurófila). O núcleo ainda é grande, a cromatina já é mais condensada em relação a seu antecessor.

    neutropoese

    3. Mielócito: O mielócito é uma célula intermediária, com citoplasma menos basofílico, e com o início da produção de grânulos específicos (granulações finas e neutrófilas). O núcleo ainda é volumoso, mas com cromatina já bastante condensada e sem nucléolos visíveis. É a última célula da linhagem originada de divisão. A partir desta fase, ocorrem sucessivas maturações de núcleo citoplasma.

    neutropoese

    4. Metamielócito: O metamielócito caracteristicamente tem núcleo em formato de rim, com cromatina condensada. O citoplasma pode ainda apresentar poucos grânulos primários, mas a maioria são de grânulos específicos.

    5. Bastonete: O bastonete apresenta núcleo alongado ou em forma de ferradura, com cromatina altamente condensada. O citoplasma é preenchido por grânulos específicos. Nesta fase, a célula está quase madura e pronta para ser liberada na circulação sanguínea. Qualquer segmentação nesta célula deve ser considerada como neutrófilo.

    neutropoese

    6. Neutrófilo Segmentado (Maduros): O neutrófilo maduro apresenta núcleo normalmente entre 3-4 lóbulos, citoplasma claro com grânulos rosados, sendo a principal característica da célula. Os neutrófilos maduros têm vida curta (cerca de 6 a 8 horas na circulação) e, ao detectar sinais inflamatórios, migram rapidamente para o tecido afetado.

    neutropoese

    O processo de neutropoese é altamente regulado e essencial para a manutenção da resposta imune do organismo. O conhecimento da morfologia destas células é fundamental para a avaliação de distúrbios hematológicos. 

    Analistas hematologistas devem estar familiarizados com os estágios de maturação e com as características morfológicas das de todas as células do processo maturativo, para assim garantir um diagnóstico mais rápido, preciso, e um manejo clínico eficaz.

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    Referências

    Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006

    Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

    Celularwiki – Prática Clinica – Disponível em: https://www.cellwiki.net/

  • HEMATOLOGIA PEDIÁTRICA

    HEMATOLOGIA PEDIÁTRICA

    As características da hematologia pediátrica diferem significativamente das dos adultos, e compreender essas diferenças é essencial para o diagnóstico e tratamento adequados de condições hematológicas pediátricas. 

    Após o nascimento, ocorrem mudanças drásticas no sangue e na medula óssea do recém-nascido, especialmente nas primeiras horas e dias de vida, com flutuações rápidas nos níveis de todos os componentes hematológicos. 

    Nos primeiros dias, muitos parâmetros hematológicos, como a concentração de hemoglobina, o volume de células (hematócrito), a contagem de reticulócitos e os índices de células vermelhas, atingem níveis elevados, mas logo começam a diminuir. Um dos fatores responsáveis por essa queda é a redução da concentração de eritropoietina, um hormônio que estimula a produção de células vermelhas. Além disso, ocorre uma hemólise transitória, ou seja, a destruição de células vermelhas, que é especialmente se acentua nas primeiras semanas de vida.

    O recém-nascido representa o ápice de uma série de eventos que começaram com a concepção e se estenderam pela implantação e organogênese. Durante o desenvolvimento intrauterino, o embrião e o feto necessitam de células vermelhas para transportar o oxigênio fornecido pela mãe, o que é essencial para o crescimento e o desenvolvimento. O nascimento provoca mudanças radicais na circulação e na oxigenação, afetando diretamente a hematopoiese, à medida que o recém-nascido faz a transição para uma vida biológica independente.

    Os valores na hematologia pediátrica neonatal são influenciados por diversos fatores, como a idade gestacional do bebê, a quantidade de horas decorridas após o parto, a presença de doenças e o nível de suporte clínico recebido. Outras variáveis importantes incluem o local da coleta de sangue e a técnica utilizada (punção capilar e venosa, com ou sem aquecimento da extremidade), o momento da coleta, e condições durante o parto e no manuseio dos vasos umbilicais. 

    A presença de hemoglobina fetal (Hb F), bilirrubina e lipídios no sangue do recém-nascido também pode interferir nos resultados dos exames laboratoriais. Por isso, como em qualquer teste laboratorial, cada laboratório deve estabelecer intervalos de referência próprios, baseados em seus métodos, instrumentos e população atendida.

    A concentração de hemoglobina varia drasticamente nas semanas e meses que seguem o nascimento, refletindo as mudanças fisiológicas em curso. A síntese de hemoglobina passa por um processo evolutivo, com diferentes tipos de hemoglobinas sendo produzidos em momentos distintos: hemoglobinas embrionárias, fetais e, finalmente, adultas. Ao nascer, aproximadamente 70% a 80% da hemoglobina do bebê é Hb F (hemoglobina fetal). 

    O hematócrito médio ao nascer, é de aproximadamente 53%, com variações entre 48% e 68%. Recém-nascidos com hematócritos elevados, especialmente valores acima de 65%, podem apresentar hiperviscosidade do sangue, o que pode prejudicar a produção de um esfregaço sanguíneo periférico de boa qualidade. Nas primeiras 48 horas de vida, o hematócrito normalmente aumenta em cerca de 5%, seguido por uma diminuição lenta e linear, chegando a 46%-62% nas duas primeiras semanas de vida e a 32%-51% entre o segundo e o quarto mês. 

    Os valores hematológicos de adultos, cerca de 47% em homens e 42% em mulheres, são alcançados apenas na adolescência. Em bebês prematuros, especialmente os de muito baixo peso ao nascer, a anemia ao nascimento é comum, e muitos necessitam de transfusões de sangue ou injeções de eritropoietina, ou ambos, para corrigir a deficiência.

    A morfologia dos eritrócitos também passa por mudanças significativas. Nos recém-nascidos, os eritrócitos geralmente são macrocíticos, mas gradualmente assumem uma morfologia normocítica e normocrômica ao longo do tempo, e posteriormente microcíticos na fase de criança. eritroblastos ortocromáticos são frequentemente observados em bebês recém nascidos no primeiro dia de vida, mas tendem a desaparecer dentro de 3 a 5 dias. 

    hematologia pediátrica

    Esfregaço de sangue periférico de um recém-nascido prematuro mostrando um linfócito normal, quatro hemácias nucleadas e policromasia

    Nos bebês prematuros, a policromasia (reticulócitos) podem persistir por mais de uma semana. Em um bebê  saudável, o número médio de  reticulócitos varia de 3 a 10 por cada 100 leucócitos, enquanto em bebês prematuros esse número pode chegar a 25  reticulócitos por 100 leucócitos. A presença prolongada de  reticulócitos, além de 5 dias, pode indicar hemólise, estresse hipóxico ou infecção aguda.

    Além dessas características, os eritrócitos dos recém-nascidos apresentam outras diferenças morfológicas, como a presença de equinócitos e esferócitos. Isso pode contribuir para uma variação mais ou menos acentuada no RDW, geralmente ocorre nos primeiros 30 dias de vida, variando entre 14,2% e 17,8%. Esse número tende a ser ainda maior em bebês prematuros. 

    A contagem de leucócitos em recém-nascidos saudáveis pode variar entre 10.000 a 26.000 por mm³ (PNCQ 2020). O sistema hemostático em bebês e crianças também é significativamente diferente daquele em adultos. Os fatores de coagulação dependentes de vitamina K (fatores II, VII, IX e X) estão em torno de 30% dos níveis adultos ao nascimento e atingem os valores de adultos entre 2 e 6 meses de vida. Outros fatores, como o fator XI, o fator XII, a pré-calicreína e o cininogênio de alto peso molecular, variam entre 35% e 55% dos níveis adultos ao nascimento, alcançando valores normais após 4 a 6 meses.

    Em suma, a hematopoiese fetal ocorre principalmente no fígado, mas após o nascimento e ao longo da vida, essa função passa a ser desempenhada pela medula óssea. Em bebês e crianças em crescimento, a produção de células sanguíneas ocorre em todos os ossos do corpo. 

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    Referências

    Naoum, Flávio Augusto – Doenças que alteram os exames hematológicos / 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

    BORQUE, Juan Ramis. Interpretação do hemograma pediátrico. 2013.

    Esan AJ. Diferenças hematológicas em recém-nascidos e envelhecimento: um estudo de revisão.. Hematol Transfus Int J. 2016;. Disponível em: https://medcraveonline.com/HTIJ/HTIJ-03-00067.php

    PNCQ. Valores de referência hematológicos para adultos e crianças. Disponível em: <https://pncq.org.br/wp-content/uploads/2021/04/VRH2020.pdf>. Acesso em 16-10-2024.

  • MONONUCLEOSE INFECCIOSA

    MONONUCLEOSE INFECCIOSA

    Alterações Hematológicas

    A mononucleose infecciosa (MI), comumente conhecida como “doença do beijo”, é uma doença febril aguda e contagiosa, provocada pelo vírus Epstein-Barr. Ela afeta principalmente pessoas entre 15 e 25 anos de idade, a doença também possui uma baixa taxa de mortalidade, apresenta manifestações geralmente benignas e exibe uma ampla variedade de sintomas.

    O EBV é um vírus da família dos herpesvírus, transmitido principalmente pela saliva. Após a infecção inicial, o vírus infecta os linfócitos B através da interação com o receptor CD21 presente na superfície dessas células. O ciclo infeccioso do EBV pode ser dividido em três fases principais:

    1. Infecção Inicial e Replicação: Após a entrada no corpo, o EBV inicialmente infecta células epiteliais da orofaringe e linfócitos B. Essas células são responsáveis por mediar a resposta imune humoral, o que torna os linfócitos B um alvo ideal para o vírus.
    2. Resposta Imunológica: A infecção pelo EBV provoca uma resposta imunológica robusta, principalmente mediada pelos linfócitos T. A presença de células infectadas pelo EBV desencadeia a ativação dos linfócitos T citotóxicos (CD8+), que são responsáveis por eliminar as células infectadas e controlar a disseminação viral. Essa resposta leva à proliferação massiva dos linfócitos T, causando a linfocitose característica da doença.
    3. Latência: Após a fase aguda da infecção, o EBV estabelece uma infecção latente nos linfócitos B de memória, permitindo que o vírus persiste no corpo por toda a vida do indivíduo. Durante a latência, o vírus permanece inativo, mas pode ser reativado sob determinadas condições.

    A resposta imunológica contra o EBV é responsável por muitos dos sintomas clínicos da MI, incluindo as alterações hematológicas.

    Alterações Hematológicas

    A MI afeta de maneira significativa a contagem e a morfologia dos leucócitos. As principais alterações observadas incluem:

    • Linfocitose: Um dos achados mais marcantes é a elevação no número de linfócitos, que pode ser superior a 50% do total de leucócitos. Em muitos casos, essa linfocitose absoluta é acompanhada de uma elevação significativa de linfócitos reativos.
    • Linfócitos reativos: Uma característica chave da MI é a presença de linfócitos reativos no sangue periférico. Representam, em sua maioria, linfócitos T que reagem contra os linfócitos B infectados.
    • Neutropenia: Em alguns pacientes, uma leve neutropenia pode ser observada durante a fase aguda da infecção. Isso ocorre devido à predominância de linfócitos e à menor produção de neutrófilos pela medula óssea, devido  a liberação de interleucinas específicas.
    • Trombocitopenia Leve: Uma leve redução na contagem de plaquetas também pode ocorrer, embora raramente seja clinicamente significativa.

    A característica morfológica, como citado, é a presença de linfócitos reativos. Essas células exibem alterações morfológicas que as diferenciam dos linfócitos normais. São significativamente maiores do que os linfócitos normais, frequentemente medindo entre 12 a 30 µm de diâmetro. 

    O formato destas células,assim como do seu núcleo, por vezes é irregular. A cromatina, relaciona-se pela célula apresentar um padrão de “esticamento”, assim é mais frouxa, podendo haver nucléolos visíveis. O citoplasma é abundante, podendo apresentar basofilia mais intensa ou mais branda. Além disso, o citoplasma pode apresentar basofilia residual em torno de hemácias adjacentes.

    mononucleose infecciosa

    Células de Downey em mononucleose infecciosa. Fonte: Cellwiki

    Embora a presença de linfócitos reativos seja característica na MI, outras condições, como infecções virais e reações a medicamentos, também podem causar a formação dessas células. Portanto, é essencial correlacionar os achados morfológicos com o contexto clínico e com testes laboratoriais confirmatórios.

    Além das alterações hematológicas observadas no hemograma e no esfregaço sanguíneo, o diagnóstico da mononucleose infecciosa pode ser confirmado por meio de testes sorológicos e moleculares e sorologia.

    Em conclusão, a mononucleose infecciosa induz profundas alterações hematológicas, particularmente na morfologia dos leucócitos. A proliferação de linfócitos reativossão características centrais da doença. A correta identificação dessas células é fundamental para o diagnóstico da MI, diferenciando-a de outras condições hematológicas. Embora os achados morfológicos sejam valiosos, o diagnóstico definitivo deve ser complementado por exames sorológicos e moleculares para confirmar a presença do EBV.

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    Referências

    DE OLIVEIRA, Juliana Linhares et al. O vírus Epstein-Barr e a mononucleose infecciosa. Revista Brasileira de Clínica Médica, v. 10, n. 6, p. 535-543, 2012.

    Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006

    Oliveira, LP et al. Diagnóstico diferencial de infecção por Epstein-Barr e doença linfoproliferativa: relato de caso. Hematologia, Transfusão e Terapia Celular , 2022.

  • GRÁFICOS DE DISPERSÃO DA SÉRIE LEUCOCITÁRIA

    GRÁFICOS DE DISPERSÃO DA SÉRIE LEUCOCITÁRIA

    Interpretando as Alterações Hematológicas Pelos Gráficos Automatizados

    Os gráficos automatizados da série leucocitária são importantes ferramentas na hematologia moderna, utilizados para a análise quantitativa e qualitativa dos leucócitos no sangue periférico. A disposição das células nos gráficos é feita tipicamente em histogramas, onde o eixo X representa o tamanho celular (ou volume) e o eixo Y indica a quantidade. 

    Essa representação gráfica permite a visualização clara das diferentes subpopulações de leucócitos, uma vez que a análise dos leucócitos não ocorre somente na perspectiva da quantidade total, mas também a proporção de cada tipo celular onde alterações significativas nestes valores podem indicar a presença de doenças ou desequilíbrios que necessitam de investigação adicional.

    Os leucócitos em muitos dos analisadores, são analisados por citometria de fluxo, onde as células são medidas por deslocamento. Isto é, as células são suspensas em um meio líquido. Após isso, elas passam, uma a uma, por um capilar o qual um feixe de laser o atravessa. Com a passagem de células pelo scanner da citometria de fluxo, são formados pontos no gráfico. Cada ponto é correspondente à uma célula e o aglomerado de células forma a nuvem que aparece no gráfico, por dois eixos:

    • SFL (Luz Fluorescente Lateral), que mostrará a intensidade de luz que passou pela célula diretamente (sem desvio). Este eixo reflete o tamanho da célula. 
    • O segundo eixo do gráfico gerado, SSC (Luz Dispersa Lateral), indicará a complexibilidade da célula (núcleo e conteúdo do citoplasma). 

    Uma das principais vantagens do WBC Scattergram é a sua capacidade de fornecer informações detalhadas sobre a composição dos leucócitos de forma rápida e precisa. Além disso, este gráfico permite uma análise comparativa ao longo do tempo, o que é essencial para o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas ou em tratamento.

    Gráfico de dispersão de um paciente normal.

    Exemplos de alterações vistas no gráfico:

    INTENSA EOSINOFILIA: Hemograma de um paciente com uma intensa eosinofilia (41%). Atente-se ao aumento da densidade populacional na região representada por estas células.

    ERITROBLASTOS: Gráfico de Dispersão Leucocitária mostra um paciente com presença de eritroblastos (21%) no sangue periférico.

    Os gráficos de dispersão da série leucocitária são ferramentas poderosas na prática clínica, permitindo a visualização e análise das variações nos diferentes tipos de leucócitos e outros elementos. Sua aplicação no diagnóstico, monitoramento e avaliação de resposta ao tratamento contribui significativamente para a gestão eficaz de condições médicas. A combinação de análises gráficas com um conhecimento profundo da patofisiologia subjacente fortalece a capacidade do clínico em tomar decisões informadas e baseadas em dados.

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    Referências
    Sysmex. Novas aplicações em Hematologia. Disponível em: www.sysmex.com/la. 2008. 

    Sysmex. Analisadores Hematológicos Automatizados. Disponível em: www.sysmex.com/la. 2012

    Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006

  • TROMBASTENIA DE GLANZMANN

    TROMBASTENIA DE GLANZMANN

    A Trombastenia de Glanzmann (TG) é uma desordem hemorrágica hereditária rara, causada por mutações nos genes que codificam as subunidades da integrina αIIb (gene ITGA2B) e β3 (gene ITGB3), componentes fundamentais do complexo glicoproteico αIIbβ3 presente na membrana das plaquetas. Esse complexo é essencial para a função plaquetária, pois é responsável pela ligação das plaquetas ao fibrinogênio, permitindo sua agregação e formação do tampão hemostático. 

    A TG foi descrita pela primeira vez em 1918 por Eduard Glanzmann, sendo uma das primeiras doenças plaquetárias hereditárias identificadas. A patologia afeta diretamente a capacidade das plaquetas de se agregarem em resposta a diferentes estímulos, resultando em um quadro clínico caracterizado por sangramentos mucocutâneos.

    No estado normal, a ativação plaquetária é desencadeada em resposta a lesões vasculares, onde a integrina αIIbβ3 é exposta em sua forma ativa e se liga ao fibrinogênio, possibilitando a agregação entre as plaquetas e a formação do trombo. No entanto, na TG, mutações no ITGA2B ou ITGB3 levam a uma deficiência quantitativa ou funcional do complexo αIIbβ3. Sem a integridade desse complexo, o fibrinogênio não consegue mediar a interação entre as plaquetas, comprometendo a formação do trombo e, consequentemente, o processo de hemostasia.

    As mutações podem resultar em três tipos de TG, com base na quantidade e funcionalidade do complexo glicoproteico na superfície plaquetária:

    Tipo 1: Ausência total de GPIIb/IIIa (menos de 5% de expressão).

    Tipo 2: Expressão parcial de GPIIb/IIIa (entre 10-20% de expressão normal).

    Tipo 3: Quantidade normal de GPIIb/IIIa, mas com função comprometida.

    Essas alterações no complexo αIIbβ3 impedem a agregação em resposta a vários agonistas, como ADP, colágeno e trombina. No entanto, a adesão plaquetária ao colágeno pode ser preservada, o que auxilia na diferenciação da TG de outras desordens de disfunção plaquetária.

    As manifestações hemorrágicas da TG são geralmente moderadas a graves, dependendo da extensão da disfunção plaquetária. A hemorragia tende a ocorrer principalmente em locais mucocutâneos, e os pacientes com TG apresentam os seguintes sintomas comuns:

    • Petéquias: Pequenos pontos vermelhos ou púrpura, devido a pequenas hemorragias..
    • Equimoses: Hematomas espontâneos ou desproporcionais ao trauma.
    • Epistaxe: Sangramento nasal recorrente e difícil de controlar.
    • Hemorragia gengival: Comumente observada durante escovação ou espontaneamente.
    • Hemorragias gastrointestinais e urinárias: Podem ocorrer, embora sejam menos comuns.

    Os principais achados clínicos e testes laboratoriais, que incluem:

        1.Contagem de Plaquetas: Normal em pacientes com TG, o que exclui diagnósticos de trombocitopenia.

        2.Teste de Agregação Plaquetária: A agregação plaquetária em resposta a agonistas como ADP, colágeno e trombina é gravemente reduzida ou ausente. Esse é o teste-chave para o diagnóstico da TG.

        3.Citometria de Fluxo: Avalia a presença e a função das glicoproteínas IIb e IIIa na membrana plaquetária, permitindo a detecção da ausência ou disfunção do complexo αIIbβ3.

        4.Sequenciamento Genético: Confirma as mutações nos genes ITGA2B e ITGB3, sendo útil para o diagnóstico definitivo e para o aconselhamento genético.

    Embora a trombastenia de Glanzmann seja uma doença crônica, com risco de sangramentos recorrentes, o prognóstico geral dos pacientes é relativamente favorável com um manejo adequado. 

    Em conclusão, a trombastenia de Glanzmann é uma desordem complexa, que exige um diagnóstico preciso e uma abordagem terapêutica integrada. O entendimento contínuo da base molecular da doença e o desenvolvimento de novas intervenções terapêuticas são fundamentais para o tratamento eficaz e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

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    Referências

    SÁNCHEZ, Lina María Martínez; MORENO, Dayana Andrea Quintero. Trombastenia de Glanzmann: conceptos clave de la enfermedad. Revista Cubana de Hematología, Inmunología y Hemoterapia, v. 35, n. 2, p. 1-12, 2019.

    Naoum, Flávio Augusto Doenças que alteram os exames hematológicos. – 2. ed. -Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

  • TALASSEMIAS

    TALASSEMIAS

    Classificação e Alterações Morfológicas

    As talassemias são um grupo de doenças hereditárias caracterizadas pela produção defeituosa de hemoglobina, levando a anemia de gravidade variável. A hemoglobina é composta por cadeias de globina (alfa e beta), e a disfunção na produção dessas cadeias leva a dois tipos principais de talassemia: beta-talassemia e alfa-talassemia. A alteração estrutural e disfunção da hemoglobina nessa  doença resultam em destruição excessiva dos glóbulos vermelhos , o que leva à anemia.

    Nas talassemias, há uma anormalidade de um ou mais genes da globina, levando à redução da produção de proteína globina. Há, portanto, um desequilíbrio da síntese da cadeia de globina beta e alfa, levando à precipitação da cadeia de globina , eritropoiese ineficaz e hemólise .

    Quase todo o oxigênio transportado pelo sangue está ligado à hemoglobina. Ao passarem pelos pulmões, os eritrócitos têm suas moléculas de hemoglobina saturadas em 96% de oxigênio (oxi hemoglobina do sangue arterial), que será gradualmente liberado para os tecidos. No sangue venoso, que retorna ao coração, a hemoglobina está apenas 64% saturada de oxigênio. Assim, o sangue que passa através dos tecidos libera cerca de um terço do oxigênio que transporta. A molécula de hemoglobina é um tetrâmero constituído por 4 cadeias polipeptídicas, conhecidas como globinas, que geralmente são:

    • 2 cadeias alfa , cada uma com 141 aminoácidos de comprimento
    • 2 cadeias beta , cada uma com 146 aminoácidos de comprimento

    Ligada a cada cadeia está uma molécula contendo ferro conhecida como heme. O oxigênio é transportado em combinação com a molécula de ferro do grupo heme (esta é uma reação de oxigenação, não de oxidação).

    Fisiopatologia e Classificação das Talassemias

    Na talassemia, a redução na síntese de cadeias de globina causa um desequilíbrio entre as cadeias de alfa e beta globina. Esse desequilíbrio leva à precipitação de cadeias de globina não pareadas nas hemácias, resultando em lesão celular e destruição prematura das hemácias (hemólise).

    Talassemia Beta

    Essa condição resulta de uma redução total (β⁰) ou parcial (β⁺) na produção de globinas beta, levando ao acúmulo de globinas alfa nos precursores eritroides. Na forma heterozigota (talassemia beta menor), os portadores apresentam uma condição geralmente assintomática, com anemia leve e alterações morfológicas como microcitose e hipocromia.

    A forma homozigota, chamada talassemia beta maior, causa anemia grave desde a infância, provocando deformidades ósseas, atraso no crescimento e a necessidade de transfusões de sangue regulares, o que pode levar à sobrecarga de ferro e, sem tratamento adequado, a danos no coração e fígado. A talassemia intermediária abrange um espectro clínico variável, entre uma condição mais grave que a talassemia menor e uma forma próxima à talassemia maior.

    Na eletroforese, a talassemia beta menor é marcada pelo aumento de HbA₂, enquanto na talassemia beta maior há uma diminuição ou ausência de HbA, com aumento de HbF. Na forma intermediária, os níveis de HbF variam conforme a gravidade da mutação.

    Na ausência ou redução da síntese de cadeias beta, há um excesso de cadeias alfa livres, que são instáveis e formam agregados tóxicos dentro dos precursores eritroides na medula óssea. Esses agregados causam morte celular precoce (eritropoiese ineficaz) e, nas hemácias que sobrevivem e são liberadas para a circulação, há uma maior propensão à hemólise no baço, levando à anemia crônica.

    Talassemia Alfa

    A talassemia alfa é a doença monogênica mais comum no mundo, essa condição é causada pela deleção total (α⁰) ou parcial (α⁺) de um ou mais genes alfa, comprometendo a produção de globinas alfa e gerando um desequilíbrio com outras globinas que continuam sendo produzidas normalmente.

    Durante o período fetal, o excesso de globinas gama forma a hemoglobina Bart’s. Após o sexto mês de vida, o excesso de globinas beta leva à formação de hemoglobina H, resultando em anemia hemolítica. A alteração nos índices hematimétricos se torna evidente apenas quando dois genes alfa são afetados, mas a presença de HbH pode ser detectada por eletroforese.

    A forma mais grave, causada pela deleção de três genes, gera anemia microcítica e hipocrômica moderada, com esplenomegalia e necessidade ocasional de transfusões. A deleção de quatro genes provoca hidropsia fetal, condição fatal no útero ou logo após o nascimento. O diagnóstico é confirmado pela detecção de Hb Bart’s ou HbH por eletroforese e outros exames laboratoriais.

    Padrão de Eletroforese de hemoglobinas onde: Paciente 1: adulto normal; Paciente 2: quadro de Beta talassemia heterozigótica – minor (traço talassêmico); Paciente 3: quadro de Alfa talassemia; Paciente 4: quadro de anemia falciforme homozigótica; Paciente 5: quadro de anemia falciforme heterozigótica.

    Alterações Morfológicas

    As talassemias são tipicamente associadas a alterações morfológicas das hemácias, que podem ser observadas em esfregaços de sangue periférico. As características incluem:

    • Microcitose: As hemácias são menores que o normal devido à redução da síntese de hemoglobina.
    • Hipocromia: As células têm menos cor devido à menor quantidade de hemoglobina.
    • Anisocitose: Variação no tamanho das hemácias.
    • Poiquilocitose: Variação na forma das hemácias, frequentemente observando-se hemácias em alvo (células em alvo ou codócitos), que são células com um acúmulo central de hemoglobina.
    • Hemácias fragmentadas: Devido à destruição prematura.
    • Corpos de Heinz: Presença de agregados de hemoglobina desnaturada nas hemácias (particularmente na alfa-talassemia).

    Lâmina de paciente com talassemia, com presença de hipocromia e poliquilocitose com presença intensa de codócitos, além de eritroblastos devido intensa hemólise e hiperatividade medular. Fonte: Cell\wiki

    Na beta-talassemia maior, a medula óssea expande-se para tentar compensar a anemia, resultando em deformidades ósseas. Além disso, o baço e o fígado podem aumentar de tamanho devido ao aumento da hemólise e da eritropoiese extramedular.

    É importante ressaltar que a fisiopatologia das formas leves, intermediárias e graves das talassemias, notadamente as do tipo beta, está pautada no fenômeno da eritropoiese ineficaz, em que o principal componente responsável pela anemia dos pacientes é a hemólise intramedular, ou seja, a destruição dos precursores eritroides mal formados dentro da medula óssea. De menor importância fisiopatológica em relação à intensidade da anemia, encontra-se a parcela de hemólise que ocorre na periferia, principalmente no baço.

    Em conclusão, as talassemias são distúrbios genéticos graves, principalmente nas suas formas maiores, como a beta-talassemia maior e a doença da hemoglobina H. A fisiopatologia envolve desequilíbrios na produção de cadeias de globina, levando à hemólise e eritropoiese ineficaz. As alterações morfológicas das hemácias são características diagnósticas importantes e refletem a gravidade da anemia e o tipo de talassemia. O tratamento, especialmente nas formas mais graves, pode envolver transfusões regulares, terapia quelante de ferro e, em casos selecionados, transplante de medula óssea.

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    Referências

    Naoum, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

    MELGAREJO, Celsa Raquel Villaverde. Beta talassemia menor: aspectos clínicos e laboratoriais. 2015.

    PIGNATTI, Caterina Borgna; GALANELLO, Renzo. Talassemia e Distúrbios Relacionados: Distúrbio Quantitativo da Síntese de Hemoglobina. Wintrobe’s Clinical Haematology. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, v. 1084, 2009.

  • DOENÇA DE VON WILLEBRAND

    DOENÇA DE VON WILLEBRAND

    A doença de von Willebrand (DvW) é a desordem hemorrágica hereditária mais comum no mundo, afetando aproximadamente 1% da população geral. Caracterizada pela deficiência ou disfunção do fator de von Willebrand (FvW), essa condição compromete a hemostasia, resultando em episódios hemorrágicos que variam de leves a graves. A DvW está associada a uma série de manifestações clínicas, o que a torna um desafio diagnóstico e terapêutico. 

    Estrutura e Função do FvW

    O FvW é uma glicoproteína grande e multimérica, secretada pelo endotélio e pelos megacariócitos, que apresenta duas funções básicas: promover a adesão plaquetária e carrear e estabilizar o fator VIII da coagulação. 

    Adesão e agregação plaquetária. O FvW promove a ligação entre a glicoproteína Ib/IX (GP Ib) e o colágeno do subendotélio (adesão plaquetária).Fonte: Academia de Clínica Hematológica (AC&H).

    É produzido principalmente por células endoteliais e megacariócitos. A proteína existe em diferentes formas, variando em tamanho e função:

    1. Multímeros: O FvW circula no plasma em multímeros, que são longas cadeias de polipeptídeos. Essa estrutura multimérica permite que o FvW tenha uma grande área de superfície, essencial para suas funções biológicas como a adesão plaquetária, especialmente em lesões vasculares
    2. Interação com Plaquetas: O FvW se liga ao colágeno exposto durante a lesão vascular, facilitando a adesão plaquetária. A ligação do vWF ao receptor glicoproteína Ib/IX/V nas plaquetas é essencial para a formação do tampão hemostático.
    3. Estabilização do Fator VIII: O vWF também atua como transportador do fator VIII, protegendo-o da degradação pelo sistema do complemento. A redução do FvW pode levar à diminuição da atividade do fator VIII, comprometendo a cascata de coagulação.

    Tipos de Doença de von Willebrand

    A Doença de von Willebrand (DvW) é classificada em três tipos principais, cada um apresentando características clínicas e laboratoriais distintas:

    Tipo 1: O Tipo 1 da DvW é caracterizado por uma deficiência leve a moderada do fator de von Willebrand (vWF). Neste tipo, os níveis de FvW e do fator VIII são geralmente normais, mas a quantidade total de FvW está reduzida. Essa redução pode ser suficiente para causar manifestações hemorrágicas leves a moderadas, como epistaxe (sangramento nasal), hematomas frequentes e, em alguns casos, sangramentos gengivais. Os pacientes com o Tipo 1 geralmente não apresentam sintomas severos,  a condição pode ter as suspeitas iniciais através de um hemograma (plaquetas em contagem normal) e testes de função plaquetária (alterado).

    Tipo 2: O Tipo 2 da DvW é caracterizado por uma deficiência qualitativa do FvW e é subdividido em quatro subtipos: 2A, 2B, 2M e 2N.

    • Tipo 2A: Este subtipo é marcado pela dificuldade na formação de multímeros grandes do FvW, resultando em adesão plaquetária inadequada. A ausência de multímeros grandes compromete a função plaquetária, levando a episódios hemorrágicos, como hematomas e sangramentos prolongados após lesões ou procedimentos cirúrgicos.
    • Tipo 2B: Neste subtipo, ocorre uma hipersensibilidade do FvW que resulta em uma adesão plaquetária excessiva. podendo levar à trombocitose (aumento do número de plaquetas) e ao consumo de plaquetas, resultando em plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas). Os pacientes com Tipo 2B podem apresentar manifestações hemorrágicas semelhantes às do Tipo 2A, mas com características adicionais devido à trombocitose.
    • Tipo 2M: O subtipo 2M é caracterizado por uma disfunção na ligação do vWF ao colágeno, sem alterações significativas na formação de multímeros. Embora os níveis totais de vWF possam estar normais, a função de adesão é comprometida, resultando em hemorragias que podem ser moderadas.
    • Tipo 2N: O subtipo 2N apresenta uma afinidade reduzida do vWF pelo fator VIII, o que resulta em níveis diminuídos do fator VIII e, consequentemente, em hemorragias significativas devido a deficiência deste fator. Esse subtipo pode ser confundido com a hemofilia A, pois os pacientes apresentam sangramentos graves, mas o tratamento é diferente, enfatizando a importância de um diagnóstico preciso.

    Tipo 3: O Tipo 3 da DvW é a forma mais severa da doença, caracterizada por uma deficiência quase total ou indetectável do vWF. Os pacientes com Tipo 3 frequentemente apresentam hemorragias graves e complicações que podem incluir sangramentos espontâneos e hemorragias após traumas ou cirurgias, levando a um risco aumentado de hemorragias intracranianas e outros eventos hemorrágicos potencialmente fatais. Devido à gravidade da condição, esses pacientes frequentemente requerem intervenções mais agressivas, como transfusões de concentrados de vWF e fator VIII, especialmente em situações de emergência.

    A avaliação laboratorial geral da doença de von Willebrand geralmente mostra plaquetas em níveis normais, com um tempo de sangramento prolongado. Em alguns casos, a diminuição da atividade do fator VIII pode levar a alterações no TTPA, enquanto o TP permanece normal. O teste de agregação plaquetária indica hipoagregação na presença de ristocetina, já que sua ação agonista depende do fator de von Willebrand (vWF). O tipo 2B é uma exceção, pois costuma apresentar plaquetopenia leve e agregação normal ou até aumentada com ristocetina. O diagnóstico específico geralmente requer a quantificação do antígeno do vWF, a análise do cofator da ristocetina, a dosagem do fator VIII e, quando disponível, a avaliação dos multímeros do vWF, permitindo assim a identificação do subtipo.

    Assim, o entendimento aprofundado da fisiopatologia do vWF, sua interação com o sistema plaquetário e os mecanismos subjacentes à hemorragia são essenciais para o manejo eficaz dos pacientes. Com os avanços na terapia e no diagnóstico, a qualidade de vida dos indivíduos afetados pode ser significativamente melhorada. A pesquisa contínua é crucial para descobrir novas terapias e abordagens que possam transformar o cuidado desses pacientes, promovendo um futuro com menos complicações hemorrágicas.

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    Referências

    REZENDE, Bruna Manzutti; FIGUEIREDO, Andréa Mendes. Diagnóstico laboratorial da Doença de Von Willebrand: uma revisão de literatura. SALUSVITA, v. 40, n. 2, p. 123-135, 2021.

    Naoum, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

    JOÃO, Cristina. Doença de von Willebrand. Medicina Interna, v. 8, n. 1, p. 28-36, 2001.

  • DOENÇA FALCIFORME E MALÁRIA

    DOENÇA FALCIFORME E MALÁRIA

    A doença falciforme é uma hemoglobinopatia autossômica recessiva, resultante de uma mutação no gene da beta-globina, levando à produção da hemoglobina S (HbS). No entanto, o quado de doença é definido na presença de homozigose (SS), ou de dupla heterozigose de hemoglobinas variantes (HbS+Hemoglobinas anormais). Essa condição afeta milhões de indivíduos em regiões endêmicas de malária, como a África Subsaariana. O fenômeno da “seleção natural” se manifesta nesta população, onde a presença do alelo HbS confere proteção contra a malária, uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium.

    Fisiopatologia da Anemia Falciforme (SS)

    A doença falciforme é caracterizada pela polimerização da HbS, hemoglobina resultante da troca de bases nitrogenadas, que causa a substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 do agrupamento gênico da globina beta, localizado no cromossomo 11. Em situações de hipóxia, os componentes da valina mutante são expostos e interagem com aminoácidos de outras globinas beta, dando início ao fenômeno da polimerização, que altera a morfologia do eritrócito, tornando-o alongado e, por vezes, curvo, com formato de foice em condições de desoxigenação.

    DOENÇA FALCIFORME E MALÁRIA

    Drepanócitos em anemia falciforme, com policromasia e presença de eritroblastos. Fonte CellWiki

    Essa polimerização resulta na formação de eritrócitos rígidos e em forma de foice. Essas hemácias falciformes têm uma vida útil reduzida (cerca de 10 a 20 dias, em comparação com os 120 dias das hemácias normais) e são propensas à hemólise. A hemólise resulta em anemia hemolítica crônica, que é acompanhada por hiperbilirrubinemia e esplenomegalia.

    O baço, responsável pela remoção de células sanguíneas danificadas, frequentemente se torna disfuncional devido à repetida oclusão dos vasos. As crises álgicas, decorrentes da oclusão microvascular, levam à isquemia tecidual e à dor intensa, podendo resultar em complicações como síndrome torácica aguda e acidente vascular cerebral.

    A ativação do sistema endotelial, promovida pela adesão das hemácias falciformes, contribui para a inflamação crônica e o dano vascular. Este contexto propicia a formação de coágulos e pode levar a fenômenos tromboembólicos. A anemia, a hipóxia e a inflamação crônica tornam os portadores de doença falciforme suscetíveis a complicações múltiplas e a mortalidade precoce.

    O eritrograma na anemia falciforme (SS) revela geralmente anemia normocítica e normocrômica de moderada a acentuada intensidade. Dependendo do número de reticulócitos na amostra, pode haver tendência à macrocitose. O traço falciforme (AS) é assintomático e não apresenta alterações no hemograma. A natureza hemolítica dessa doença torna comum a observação de policromasia e eritroblastos circulantes no sangue periférico. A disfunção esplênica pode ser indiretamente atestada pela presença de corpos de Howell-Jolly (fragmentos do núcleo dos eritroblastos decorrentes da eritropoiese acelerada) em alguns eritrócitos. Mesmo em condições basais, a leucocitose encontra-se geralmente elevada nos portadores de doença falciforme devido ao estado pró-inflamatório associado à doença.

    Fisiopatologia da Malária

    A malária é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos do gênero Anopheles, causada principalmente pelas espécies Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium ovale e Plasmodium malariae. O ciclo de vida do Plasmodium envolve fases esporogônicas no vetor e um ciclo eritrocitário no hospedeiro humano.

    Após a picada, os esporozoítos são injetados na corrente sanguínea e migram para o fígado, onde se reproduzem de forma assintomática por um período que pode durar de dias a meses. O fígado, então, libera merozoítos que invadem eritrócitos. Dentro das hemácias, o Plasmodium se multiplica, levando à ruptura das células e à liberação de novos merozoítos, além de substâncias tóxicas que desencadeiam a resposta inflamatória.

    DOENÇA FALCIFORME E MALÁRIA

    Hemácias parasitadas pelo Plasmodium falciparum – Malária. Fonte: CellWiki

    A infecção por P. falciparum, em particular, pode resultar em complicações graves, como anemia, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e disfunção multissistêmica. A infecção crônica pode levar a uma resposta imune inadequada, onde a variabilidade antigênica do Plasmodium compromete a eficácia da resposta imunológica.

    Doença Falciforme e Malária

    A interseção entre a doença falciforme e a malária é um exemplo clássico de coevolução. A presença do alelo HbS confere um efeito protetor em ambientes endêmicos de malária. Em heterozigotos (carreadores do traço falciforme), a proteção é moderada, enquanto os homozigotos, que sofrem a forma completa da doença, apresentam uma resistência significativa à malária.

    A deformidade das hemácias falciformes impede o ciclo normal do Plasmodium, pois as hemácias afetadas tendem a ser eliminadas mais rapidamente pelo sistema imune. Além disso, as hemácias em forma de foice podem não fornecer um ambiente propício para a replicação do parasita, resultando em uma taxa de infecção mais baixa. A diminuição da atividade esplênica em portadores de doença falciforme, apesar de aumentar a suscetibilidade a outras infecções, parece limitar a persistência de infecções maláricas, já que a hemólise provocada pelo Plasmodium também acelera a eliminação de parasitas.

    A presença do traço falciforme reduz a carga parasitária em portadores, o que sugere um mecanismo de seleção positiva em populações expostas à malária. Os mecanismos exatos incluem a dificuldade do Plasmodium em completar seu ciclo de vida em hemácias alteradas, a ativação da resposta imune e a redução da sobrevivência de células infectadas.

    Em resumo, a interação entre a doença falciforme e a malária ilustra uma complexa relação entre genética e patologia infecciosa. O alelo HbS que pode causar a doença falciforme, oferece uma proteção significativa contra uma das infecções mais mortais do mundo. A compreensão aprofundada dessa relação pode facilitar o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas e de prevenção em contextos afetados por ambas as condições.

    O próximo passo de todo analista que deseja ter mais segurança na bancada 

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    Para aqueles que procuram a comodidade de uma pós-graduação 100% online e ao vivo, sem abrir mão da excelência no ensino, temos a solução ideal.

    Nossa metodologia combina teoria e prática da rotina laboratorial, garantindo um aprendizado efetivo.

    Contamos com um corpo docente altamente qualificado, com os melhores professores do Brasil, referências em suas áreas de atuação.

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    Referências

    SANTOS, Thalita Grazielly et al. Origem da Relação entre Malária e Anemia Falciforme/Origin of the Relationship Between Malaria and Sickle Cell Anemia. ID on line. Revista de psicologia, v. 16, n. 61, p. 128-140, 2022.

    HOKAMA, Newton et al. Interferência da malária na fisiologia e na fisiopatologia do eritrócito: parte 2: fisiopatologia da malária, da anemia falciforme e suas inter-relações. J. bras. med, p. 40-48, 2002.

    Naoum, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

  • POIQUILOCITOSE

    POIQUILOCITOSE

    A poiquilocitose refere-se à variação anormal na forma dos eritrócitos e é um importante indicador de várias condições hematológicas. A presença de poiquilócitos pode ser observada em diversos distúrbios, incluindo anemias, doenças crônicas e algumas condições hereditárias. A análise dessas alterações fornece informações valiosas sobre a morfologia celular e pode auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de várias doenças. A poiquilocitose é classificada de acordo com a morfologia dos eritrócitos, incluindo:

    1. Dacriócitos

    Os dacriócitos, ou eritrócitos em forma de lágrima, apresentam uma extremidade pontiaguda que se assemelha a uma gota. Essa poiquilocitose é frequentemente observada em mielofibrose e outras neoplasias hematológicas, onde a medula óssea está comprometida. A presença de dacriócitos em maior número, indica uma produção inadequada de células sanguíneas e pode estar associada a alterações no microambiente da medula óssea.

    poiquilocitose

    2. Codócitos

    Também conhecidos como “células em alvo”, os codócitos possuem uma aparência circular com uma zona central mais clara, criando um efeito de alvo. São frequentemente encontrados em anemias hipocrômicas, como a talassemia e anemia ferropriva. A presença de codócitos indica alterações na distribuição da hemoglobina e é um sinal de deficiências na síntese de globinas.

    poiquilocitose

    3. Estomatócitos

    Os estomatócitos são caracterizados por uma forma oval ou em forma de boca do halo hemoglobínico, com um canal central que se assemelha a uma fenda.A estomatocitose é frequentemente associada a condições como alcoolismo, hepatopatia e, em alguns casos, esferocitose hereditária. Essas alterações são geralmente indicativas de problemas na estrutura lipídica da membrana celular.

    poiquilocitose

    4. Drepanócitos

    Os drepanócitos, ou células falciformes, apresentam uma forma alongada e curva, lembrando uma foice. Estão associados a presença da hemoglobina “S”, tipicamente quando esta está em homozigose (SS), ou na presença de outra hemoglobina variante (Ex: SC), assim, chamamos esses casos de “doença falciforme” (DF). Caso occorra, a hemoglobina “S” tende a se polimerizar em condições de hipóxia, formando os drepanócitos. A presença de drepanócitos pode causar obstrução microvascular, levando a crises dolorosas e complicações sérias de anemia hemolítica.

    poiquilocitose

    5. Equinócitos

    Os equinócitos, também conhecidos como “células em ouriço”, ou mesmo hemácias crenadas, que possuem várias projeções pontiagudas regulares ao longo de sua superfície. Podem ser observados em várias condições, incluindo insuficiência renal, desidratação e algumas doenças hepáticas. A presença de equinócitos sugere alterações na composição lipídica da membrana celular e pode estar relacionada a processos de hemólise.

    poiquilocitose

    6. Esquizócitos

    Os esquizócitos, ou eritrócitos fragmentados, são células com tamanhos variados e formas irregulares. Estão associados a microangiopatias trombóticas, como na púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e síndrome hemolítico-urêmica (SHU). Esses fragmentos ocorrem devido ao dano mecânico às hemácias em pequenos vasos, resultando em hemólise.

    7. Esferócitos

    Os esferócitos são células vermelhas do sangue arredondadas, hiperdensas e,em geral menores qeu as hemácias normais, nota-se a ausência do halo central comum na hemácia normal. A presença de esferócitos é característica da esferocitose hereditária, uma condição em que a membrana dos eritrócitos é anormalmente frágil, resultando em hemólise. Esses eritrócitos também podem ser observados em anemias hemolíticas autoimunes e em algumas infecções.

    8. Eliptócitos

    A eliptocitose é caracterizada pela presença de eliptócitos, que são eritrócitos em forma oval ou elíptica. Essas células podem variar em tamanho e frequentemente têm um aspecto mais alongado, como um “charuto”. Pode ser observada em diversas condições, incluindo a eliptocitose hereditária, que é uma condição genética resultante de anormalidades na estrutura da membrana dos eritrócitos, levando à deformação das células. Além disso, pode ocorrer em anemia ferropriva, onde os eliptócitos refletem alterações na produção de hemácias, e em anemias megaloblásticas, causadas por deficiências de vitamina B12 ou ácido fólico, que afetam a produção das hemácias.

    Estes são exemplos comuns de poiquilocitose encontrados na rotina, que em conclusão, fornece informações cruciais sobre as condições subjacentes que afetam a morfologia dos eritrócitos. A identificação das diferentes formas de poiquilocitose pode auxiliar no diagnóstico de distúrbios hematológicos e na compreensão das patologias associadas. A observação cuidadosa e a caracterização das alterações morfológicas são fundamentais para a prática clínica e o manejo adequado dos pacientes.

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    Referências

    Imagens: CellWiki. Disponível em: https://www.cellwiki.net/

    Sociedade americana de Hematologia. Disponível em: https://www.hematology.org/

    DA SILVA, Michele Caitano Ribeiro del Piero, Alexandra Boutros Chamoun. Alterações morfológicas e hematimétricas do eritrograma de pacientes renais crônicos – revisão de literatura.

    Naoum, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

    Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006

  • DESVIO À ESQUERDA

    DESVIO À ESQUERDA

    Escalonado e Não Escalonado: Importância Clínica

    O desvio à esquerda é um termo utilizado para descrever uma alteração no perfil de leucócitos do sangue, especificamente no número e na maturidade dos neutrófilos. Este fenômeno é um indicador importante em diversos contextos clínicos e pode fornecer informações cruciais sobre o estado de saúde do paciente.

    Em condições normais, os leucócitos que podem ser observados no sangue periférico são os neutrófilos bastonetes e segmentados, eosinófilos, basófilos, linfócitos típicos e reativos, e monócitos.

    A situação em que a avaliação dos valores relativos adquire maior importância é no desvio à esquerda, especialmente na vigência de leucocitose, seja decorrente de infecções que, de modo geral, estimulam o aumento da produção de leucócitos pela medula, além do aumento da atividade inflamatória do organismo; ou mesmo em doenças malignas.

    Denomina-se desvio à esquerda a presença de precursores granulocíticos (bastonetes com valor superior a referência, metamielócitos, mielócitos e, por vezes, até promielócitos e blastos) no sangue periférico, assumindo-se de forma didática que a linha normal de maturação seja representada da esquerda para a direita:

    desvio à esquerda

    Fase maturativa do neutrófilo. Promielócito; Mielócito; Metamielócito; Neutrófilo bastão e Neutrófilo Segmentado. Fonte: CellWiki

    Importância Clínica do Desvio à Esquerda

    O desvio à esquerda é clinicamente relevante porque pode indicar uma resposta inflamatória ou infecciosa aguda. As principais condições associadas ao desvio à esquerda incluem:

    1. Infecções Agudas: O aumento das formas imaturas de neutrófilos, geralmente ocorre em resposta a infecções bacterianas graves, onde a medula óssea aumenta a produção de neutrófilos para combater a infecção.
    2. Inflamações: Condições inflamatórias, como artrite reumatoide ou doenças inflamatórias intestinais, podem também causar um desvio à esquerda.
    3. Estresse Metabólico: Situações de estresse severo, como trauma físico ou cirurgias grandes, podem levar a uma resposta inflamatória acompanhada por um desvio à esquerda.
    4. Leucemias e Outras Neoplasias Hematológicas: O desvio à esquerda pode ser observado em algumas formas de leucemias e distúrbios hematológicos, onde há uma produção desregulada de células imaturas.

    Desvio à Esquerda Escalonado vs. Não Escalonado

    O desvio à esquerda pode ser escalonado, quando a presença dos precursores granulocíticos na circulação respeita a ordem de maturação, fazendo com que a proporção de células maduras seja maior do que as células mais jovens, ou não escalonado, quando quantitativamente, a  ordem não é respeitada.

    O escalonamento pode indicar uma resposta inflamatória ou infecciosa em andamento. As fases imaturas aparecem em uma sequência que reflete a maturação normal dos neutrófilos, mas a presença dessas formas é mais acentuada e pode ser observada em maior quantidade.

    Um não escalonamento pode indicar uma produção desregulada ou anormal de neutrófilos. Esse tipo de desvio pode ocorrer em condições mais graves, como leucemias agudas, onde há uma liberação abrupta de células imaturas na circulação. Ou mesmo uma falência progressiva da própria medula óssea.

    Em conclusão, o desvio à esquerda é uma alteração hematológica importante que pode fornecer pistas sobre a presença e a gravidade de várias condições clínicas. Diferenciar entre desvio à esquerda escalonado e não escalonado é auxilia para a correta interpretação dos resultados laboratoriais e para o planejamento do tratamento adequado (Área médica). 

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    Referências

    Naoum, Flávio Augusto Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

    De Souza Mota, Isabella; dos Santos Castro, Fabíola Fernandes. Relação entre reação leucemoide neutrofílica e doenças infecciosas. VITTALLE-Revista de Ciências da Saúde, v. 33, n. 2, p. 83-96, 2021.

    BORTOLHEIRO, Teresa Cristina; CHIATTONE, Carlos S. Leucemia Mieloide Crônica: história natural e classificação. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 30, p. 3-7, 2008.

  • DOENÇA RENAL CRÔNICA E ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

    DOENÇA RENAL CRÔNICA E ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

    A doença renal crônica (DRC) é uma condição progressiva caracterizada pela deterioração gradual da função renal. À medida que a função renal reduz, uma série de alterações hematológicas pode ocorrer, refletindo a complexidade da interação entre os rins e o sistema hematológico.

    A DRC avança de forma silenciosa, progressiva, e muitas vezes irreversível, uma vez que os sintomas só começam a aparecer quando há comprometimento renal. Alguns pacientes são considerados como grupo de risco para o desenvolvimento da DRC, estando entre eles pacientes diabéticos, hipertensos, idosos e pessoas com histórico familiar de DRC.

    A DRC geralmente resulta de doenças subjacentes, como hipertensão arterial e diabetes. Nesta condição, os rins tornam-se progressivamente incapazes de exercer sua função, fazendo com que impurezas se acumulem no organismo. A DRC afeta o metabolismo hídrico, eletrolítico e ácido-básico, além de gerar alterações no metabolismo dos macronutrientes, ocasionando situações de hipercatabolismo, inflamação e oxidação.

    A anemia é a principal complicação frequentemente observada em pacientes com doença renal crônica (DRC) e seu principal mecanismo é a deficiência de eritropoietina  (EPO),  hormônio  produzido  pelas  células peritubulares dos rins, é responsável pela manutenção da proliferação e diferenciação das células  progenitoras  eritroides  na  medula  óssea.  Assim,  a  ausência  de  EPO  levará  a  uma menor  produção  de  células  vermelhas  e  maior  perda  dessas  células,  uma  vez  que  o mecanismo  de  apoptose  fica  ativado  com  a  falta  da  EPO,  prejudicando  ainda  mais  o funcionamento dos rins na DRC, impulsionando a anemia hipoproliferativa nesses pacientes.

    Além disso, o tempo de vida dos eritrócitos é reduzido nessa doença, e a ureia que acompanha o quadro supre a atividade hematopoiética e causa disfunção plaquetária, o que propicia a ocorrência de sangramentos e ferropenia, intensificando a anemia. Perdas de sangue em pequenas quantidades também são frequentes e inerentes aos procedimentos de hemodiálise. 

    Outros fatores que podem contribuir para a anemia na DRC incluem deficiência de ácido fólico, intoxicação por alumínio, hipoparatireoidismo, hemólise e aumento do volume plasmático (hemodiluição). A intensidade do processo anêmico geralmente se correlaciona com a gravidade da disfunção renal, embora possa ocorrer mesmo em casos moderados. No hemograma, a anemia é caracteristicamente normocítica e normocrômica, com valores de hemoglobina variando entre 5 e 10 g/dL. No esfregaço sanguíneo, notam-se frequentemente equinócitos, além de alguns acantócitos e esquizócitos. 

    doença renal crônica

    Anemia normocítica e normocrômica com destaque para presença de equinócitos em DRC. Fonte: CellWiki

    Além da deficiência de eritropoietina causada pela perda da função renal, diversos outros fatores podem estar relacionados aos quadros de anemia em pacientes com insuficiência renal crônica. Entre eles, destacam-se a deficiência de ferro, vitamina B12 e ácido fólico, as perdas sanguíneas associadas ao procedimento de hemodiálise e a diminuição da sobrevida das hemácias. 

    Esses fatores contribuem para a complexidade da anemia nesses pacientes e exigem uma abordagem multifacetada para o tratamento eficaz. É importante destacar que a anemia por deficiência de ferro é particularmente comum em pacientes com insuficiência renal crônica. Essa deficiência de ferro se caracteriza principalmente pela perda durante a hemodiálise e pela restrição dietética. Essa restrição dietética, combinada com a perda de ferro durante a hemodiálise, contribui para o desenvolvimento e a progressão da anemia ferropriva.

    doença renal crônica

    Anemia ferropriva em DRC avançada. Fonte: CellWiki

    As alterações hematológicas na doença renal crônica são complexas e multifacetadas, resultantes de uma combinação de fatores relacionados à função renal comprometida, inflamação crônica e efeitos diretos das toxinas urêmicas. A anemia é uma complicação proeminente, enquanto as alterações na contagem e função de leucócitos e plaquetas também desempenham papeis importantes. A gestão dessas alterações requer uma abordagem integrada, abordando não apenas a causa subjacente, mas também tratando os sintomas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

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    Referências

    DRACZEVSKI, Luana; TEIXEIRA, Mário Lettieri. Avaliação do perfil bioquímico e parâmetros hematológicos em pacientes submetidos à hemodiálise. Saúde e Pesquisa, v. 4, n. 1, 2011.

    BARROS, Francisca et al. Anemia na Doença Renal Crónica: da evidência à prática clínica. Acta Médica Portuguesa, v. 24, p. 869-74, 2011.

    Naoum, Flávio Augusto Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

  • ANEMIA APLÁSTICA

    ANEMIA APLÁSTICA

    Fisiopatologia e Alterações na Hematopoiese

    A anemia aplástica é uma condição rara caracterizada pela pancitopenia, ou seja, uma redução simultânea no número de eritrócitos, leucócitos e plaquetas, causada pela falência da medula óssea em produzir células hematopoiéticas. A prevalência é de 2 a 5 casos por milhão de habitantes por ano, sendo mais comum em países asiáticos. Ess distúrbio pode ser classificado como congênita ou adquirida, sendo a forma adquirida a mais prevalente. 

    A fisiopatologia da anemia aplástica envolve a destruição ou incapacidade das células-tronco hematopoiéticas da medula óssea de se replicarem e se diferenciarem de forma adequada. Os mecanismos envolvidos podem ser autoimunes, tóxicos, infecciosos ou genéticos, resultando na falência da medula óssea em produzir as células sanguíneas.

    Aplasia Primária (idiopática) da Medula Óssea

    A aplasia primária é caracterizada pela presença de pancitopenia no sangue periférico e hipoplasia da medula óssea. Esse tipo de aplasia representa aproximadamente metade dos casos de anemia aplástica adquirida, nos quais não se consegue identificar uma causa subjacente. O mecanismo exato ainda não está completamente esclarecido, mas acredita-se que uma reação autoimune contra as células precursoras hematopoiéticas possa estar envolvida. 

    Clinicamente, os pacientes apresentam fraqueza, cansaço, infecções frequentes e tendência a sangramentos. No hemograma, há pancitopenia de intensidade variável, sem alterações morfológicas significativas. A anemia pode ser normocítica ou macrocítica, enquanto a leucopenia é dominada pela neutropenia. A biópsia de medula óssea geralmente confirma a hipocelularidade, com celularidade inferior a 25%.

    Aplasia Secundária da Medula Óssea

    A aplasia secundária está associada a fatores subjacentes identificáveis, como infecções virais (hepatite C, HIV), exposição à radiação, certas drogas (como cloranfenicol, antimaláricos, anti reumáticos) e quimioterápicos. No hemograma, pode-se observar citopenia em uma ou mais linhagens celulares, e a medula óssea se apresenta hipocelular ou com sinais de displasia. O tratamento da causa subjacente pode levar à melhora do quadro hematológico.

    Aplasias Congênitas

    As aplasias congênitas são síndromes hereditárias raras, caracterizadas por anormalidades nos precursores hematopoiéticos e anemia aplástica, manifestando-se na infância ou adolescência. A mais comum é a anemia de Fanconi, que apresenta herança autossômica recessiva ou ligada ao cromossomo X e afeta genes responsáveis pelos mecanismos de reparo do DNA, provocando instabilidade cromossômica. Além de macrocitose, neutropenia e plaquetopenia no hemograma, os pacientes podem apresentar alterações cutâneas, esqueléticas, urogenitais e risco elevado de malignidades. Outra aplasia congênita é a disceratose congênita, relacionada a defeitos nas enzimas que mantêm o comprimento dos telômeros, como a telomerase, manifestando-se tardiamente com distrofias ungueais e leucoplasias. A anemia de Blackfan-Diamond, caracterizada por aplasia eritroide pura, pode também evoluir para neutropenia e plaquetopenia.

    A principal alteração morfológica na anemia aplástica ocorre na medula óssea, onde se observa uma drástica redução da celularidade, com substituição das células hematopoiéticas por gordura e estroma. Normalmente, a medula saudável contém entre 30% e 70% de células hematopoiéticas, dependendo da idade. Na anemia aplástica, essa porcentagem cai para menos de 25%. No hemograma, é comum observar pancitopenia, com anemia, e baixa contagem de reticulócitos.

    A leucopenia, especialmente neutropenia, eleva o risco de infecções graves, enquanto a trombocitopenia predispõe a sangramentos, visíveis como petéquias e equimoses. O exame de esfregaço periférico revela pouca ou nenhuma alteração morfológica significativa nos eritrócitos, que podem apresentar formas ligeiramente irregulares, mas sem as características marcantes de outras anemias.

    anemia aplástica
    anemia aplástica

    Lâmina de aplasia com hipocromia, policromasia e baixa celularidade. Fonte: CellWiki

    Em resumo, a anemia aplástica é uma desordem hematológica rara, caracterizada pela falência da medula óssea em produzir células sanguíneas suficientes, resultando em pancitopenia. Embora a forma adquirida seja mais comum, fatores congênitos também desempenham um papel significativo em casos hereditários. A fisiopatologia envolve uma variedade de mecanismos, incluindo processos autoimunes, tóxicos, infecciosos e genéticos, com a medula óssea apresentando hipocelularidade como principal achado morfológico. 

    O diagnóstico depende do hemograma, mielograma e biópsia de medula óssea, que revelam as características morfológicas típicas da condição. A compreensão dos mecanismos subjacentes e das alterações morfológicas é essencial para o manejo adequado da anemia aplástica, com enfoque no tratamento das causas subjacentes e suporte hematológico, visando melhorar o prognóstico dos pacientes e a sua qualidade de vida.

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    Contamos com um corpo docente altamente qualificado, com os melhores professores do Brasil, referências em suas áreas de atuação.

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    Referências

    Naoum, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

    CAMPOS, R. X. et al. Anemia aplástica secundária à doença de Behçet: relato de caso e revisão da literatura. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, v. 44, p. S53, 2022.

    VAZ, Catarina Cruz. Anemia Aplástica Adquirida. 2016.

  • ANEMIA DE FANCONI

    ANEMIA DE FANCONI

    A anemia de Fanconi (AF) é uma doença genética rara de herança autossômica recessiva, caracterizada por uma falha no mecanismo de reparo do DNA, o que resulta em uma predisposição a anormalidades hematológicas, malformações congênitas, e um risco elevado de desenvolvimento de neoplasias. O defeito básico da AF está relacionado à incapacidade de corrigir quebras intercadeias no DNA, o que leva à instabilidade genômica e falência medular progressiva. 

    Essa patologia está associada a mutações em genes que compõem a via de reparo de DNA conhecida como via de reparo de Fanconi, que até o momento envolve 22 genes identificados. Dentre esses, o FANCA é o gene mais comumente afetado, sendo responsável por 60 a 70% dos casos. A via Fanconi/BRCA, na qual os produtos desses genes atuam, interagindo com outras proteínas envolvidas na reparação do DNA, particularmente na resolução de ligações cruzadas entre fitas de DNA (ICLs) que ocorrem durante a replicação celular.

    O principal defeito molecular na AF é uma falha na via de recombinação homóloga, essencial para o reparo de danos ao DNA, como os provocados por agentes alquilantes e outros tipos de estresse genotóxico. A incapacidade de corrigir esses danos resulta em acúmulo de mutações e instabilidade cromossômica, fenômenos que, por sua vez, levam à falência medular progressiva e à pancitopenia, caracterizada pela diminuição de todas as linhagens celulares do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas). Além disso, essa instabilidade eleva significativamente o risco de neoplasias, especialmente de leucemia mieloide aguda (LMA).

    As primeiras manifestações clínicas da anemia de Fanconi geralmente envolvem a falência medular, que se manifesta inicialmente por pancitopenia. Esse quadro pode incluir:

    • Anemia: Na maioria dos casos, a anemia é a primeira manifestação da doença, sendo normocítica ou macrocítica. Os pacientes podem apresentar fadiga, palidez e dispneia durante esforços físicos.
    • Leucopenia: A diminuição dos leucócitos, especialmente neutrófilos, leva a um aumento da suscetibilidade a infecções bacterianas e fúngicas.
    • Trombocitopenia: A redução no número de plaquetas predispõe os pacientes a hemorragias espontâneas e hematomas, mesmo com traumas leves.

    Essas alterações são acompanhadas de anomalias morfológicas nos elementos celulares do sangue, como anisocitose (células de tamanhos variáveis) e poiquilocitose (células com formas irregulares), observadas no esfregaço de sangue periférico, além de inclusões eritrocitárias como aneis de cabot, pontilhados basofílicos e holly-jolly. É muito importante reportar essas alterações no laudo uma vez que a anemia de fanconi é altamente evolutiva para leucemias agudas.

    anemia de Fanconi
    anemia de Fanconi
    anemia de Fanconi

    Lâmina de paciente com moderada hipocromia, além de anisocitose e presença de inclusões eritrocitárias em AF. Fonte: CellWiki

    O diagnóstico precoce da AF é muitas vezes um desafio, uma vez que as manifestações hematológicas podem não ser evidentes até a progressão da falência medular. No entanto, alguns marcadores biológicos podem auxiliar no diagnóstico, como o aumento da hemoglobina fetal, alfa-fetoproteína sérica elevada e macrocitose, embora esses achados não sejam específicos da AF e não excluam o diagnóstico em sua ausência.

    O teste de fragilidade cromossômica, utilizando agentes como diepoxibutano (DEB) ou mitomicina C, é um dos métodos diagnósticos mais utilizados para identificar o defeito no reparo do DNA, típico da AF.

    Atualmente, o único tratamento curativo disponível para a falência medular na anemia de Fanconi é o transplante de células-tronco hematopoiéticas que pode reverter a pancitopenia, porém, não corrige a predisposição ao desenvolvimento de neoplasias. Dessa forma, é necessário um acompanhamento rigoroso desses pacientes para detectar precocemente o surgimento de tumores malignos. 

    Além disso, avanços recentes na terapia gênica oferecem uma promessa futura no tratamento da AF. Técnicas como CRISPR-Cas9 estão sendo estudadas para corrigir as mutações no DNA, oferecendo uma possível alternativa terapêutica para evitar a falência medular e os riscos associados.

    A anemia de Fanconi, com seu impacto devastador na função hematopoiética e sua predisposição ao câncer, continua sendo um dos desafios mais complexos no campo das doenças genéticas raras. O entendimento dos mecanismos moleculares subjacentes e os avanços na medicina personalizada, incluindo o TCTH e as terapias gênicas, têm oferecido esperança de um manejo mais eficaz da doença. Contudo, a necessidade de monitoramento constante e intervenções precoces para complicações secundárias permanece essencial para a melhora do prognóstico desses pacientes.

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    Referências

    DE WINTER, Johan P.; JOENJE, Hans. A base genética e molecular da anemia de Fanconi. Pesquisa de mutação/Mecanismos fundamentais e moleculares da mutagênese, 2009.

    Naoum, Flávio Augusto Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Atheneu, 2017

    SOULIER, Jean. Anemia de Fanconi. Hematologia 2010, o livro do programa educacional da Sociedade Americana de Hematologia, 2011.

  • ROULEAUX E O POTENCIAL ZETA DOS ERITRÓCITOS

    ROULEAUX E O POTENCIAL ZETA DOS ERITRÓCITOS

    A forma dos eritrócitos é mantida graças  ao citoesqueleto, assim como por proteínas extramembranares localizadas na região da bicamada lipídica. Entre essas proteínas, as principais são a espectrina, anquirina, actina e tropomiosina, com o ácido siálico conjugado a elas.

    O potencial zeta é um conceito fundamental em biologia celular e bioquímica, especialmente no estudo de células sanguíneas, como as hemácias. Esse potencial influencia a estabilidade das células em suspensão e desempenha um papel crucial em várias condições patológicas, incluindo estados inflamatórios.

    A superfície dos eritrócitos possui carga negativa principalmente devido à presença de ácido siálico conjugado a glicoproteínas de membrana. Esse monossacarídeo contém um grupamento carboxila que, em meio aquoso e no pH fisiológico, se ioniza (COO-), sendo o principal responsável pela carga negativa da membrana. Dessa forma, a hemácia influencia a distribuição espacial dos íons em meio salino, como no plasma e em soluções conservantes. Íons de carga oposta se aproximam por atração eletrostática, formando uma nuvem eletrônica ao redor da célula.

    Representação esquemática do Potencial Zeta em Eritrócito, com carga superficial negativa.

    O potencial zeta refere-se à diferença de potencial elétrico entre a superfície de uma célula (ou partícula) e o meio em que ela está suspensa. Em termos simples, é uma medida da carga elétrica na superfície de uma célula, que influencia sua interação com outras células e moléculas no ambiente circundante.

    No caso das hemácias, o potencial zeta é determinado principalmente pela distribuição de cargas negativas na superfície dessas células, devido, em grande parte, à presença de ácido siálico nas glicoproteínas da membrana celular. Esse potencial é responsável por criar uma força repulsiva entre as hemácias, mantendo-as em suspensão e evitando a aglomeração.

    Formação de Rouleaux

    Um fenômeno notável relacionado ao potencial zeta é a formação de rouleaux, que pode ter importante representação na interpretação de algumas condições.

    A formação de rouleaux ocorre quando as hemácias se amontoaam, semelhantes a moedas empilhadas. Esse alinhamento é comum em condições patológicas e é influenciado por uma redução no potencial zeta, que diminui a força repulsiva entre as células, permitindo que elas se aproximem e formem estruturas de rouleaux.

    Os rouleaux podem ser observados ao microscópio e estão frequentemente associados a estados inflamatórios, doenças autoimunes e outras condições que afetam a composição do plasma sanguíneo.

    Hemácias em Rouleaux. Fonte: Atlas de hemato UFG

    Inflamação e Formação de Rouleaux

    Em condições inflamatórias, há um aumento na concentração de proteínas plasmáticas, como o fibrinogênio e as globulinas. Essas proteínas têm alta afinidade pela superfície das hemácias, neutralizando parcialmente as cargas negativas (ácido siálico) e, consequentemente, diminuindo o potencial zeta.

    Com a redução do potencial zeta, a repulsão entre as hemácias é enfraquecida, facilitando sua aproximação e resultando na formação de rouleaux. Isso é particularmente significativo em doenças como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e outras condições inflamatórias crônicas. Além disso, a formação de rouleaux pode ser influenciada por alterações na viscosidade do sangue e no fluxo sanguíneo, comuns em estados inflamatórios.

    Implicações Clínicas

    Em exames laboratoriais, a presença de rouleaux pode aumentar a taxa de sedimentação das hemácias (VHS), um marcador amplamente utilizado para avaliar a presença de inflamação no corpo. Valores elevados de VHS são frequentemente observados em pacientes com infecções, doenças autoimunes e outras condições que possam elevar a concentração plasmática de proteínas, mesmo neoplásicas, como no Mieloma Múltiplo.

    Além disso, a formação de rouleaux pode contribuir para a obstrução microvascular e hiperviscosidade sanguínea, exacerbando os sintomas em condições inflamatórias crônicas.

    Em conclusão, o potencial zeta das hemácias e a formação de rouleaux são aspectos importantes para a compreensão da dinâmica celular,  estados inflamatórios. 

    O próximo passo de todo analista que deseja ter mais segurança na bancada 

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    Referências

    NUNES JOVINO, Caueh. Estudo do Potencial Zeta e da Elasticidade de Eritrócitos utilizando Pinças Ópticas e Avaliação da Ação Conservante do Polifosfato de Sódio sobre Eritrócitos. 2011. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.

    BÄUMLER, H. et al. Fenômenos básicos da formação de rouleaux de hemácias. Biorheology , v. 36, n. 5-6, p. 439-442, 1999.

    NAOUM, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. São Paulo: Atheneu, 2010. 220 p.  

  • ESTOMATOCITOSE HEREDITÁRIA

    ESTOMATOCITOSE HEREDITÁRIA

    Fisiopatologia e Identificação Morfológica

    A estomatocitose hereditária é uma condição hematológica caracterizada pela presença de estomatócitos, ou seja, as hemácias apresentam um padrão em forma de boca ou fenda, que substitui o halo hemoglobínico normal. Eles são uni côncavos em vez de bicôncavos, dando-lhes uma aparência de tigela. Mesmo também estando relacionado como patologia genética, os estomatócitos podem  ocorrer em várias patologias adquiridas.

    Estomatocitose Hereditária
    Estomatocitose Hereditária

    Estomatócitos em estomatocitose hereditária. Fonte: CellWiki

    Alguns estomatócitos podem ser observados em esfregaços de sangue preparados de indivíduos normais, bem como de pacientes com alcoolismo agudo e doença hepatobiliar. Um grande número de estomatócitos está associado a distúrbios hereditários muito raros de permeabilidade de cátions de células vermelhas, levando ao aumento ou diminuição do conteúdo de água das hemácias.

    A principal causa hereditária é causada por mutações nos genes que codificam proteínas essenciais para a manutenção da homeostase iônica e do volume celular, como as proteínas associadas ao transporte de cátions na membrana eritrocitária. 

    As membranas eritrocitárias apresentam aumento na permeabilidade ao sódio, permitindo a entrada excessiva deste íon nas células, enquanto a saída de potássio é prejudicada. Esse desequilíbrio iônico causa uma sobrecarga de sódio intracelular, levando ao influxo osmótico de água e resultando em células inchadas, ou estomatócitos. Essa hidratação excessiva torna os eritrócitos mais vulneráveis à hemólise, particularmente no baço.

    Por ser células de volume aumentado e menor relação superfície/ volume, sua deformabilidade está reduzida, facilitando sua destruição pelos macrófagos no baço. Além da anemia, o eritrograma revela macrocitose e valores geralmente reduzidos de CHCM. Há também reticulocitose e, em alguns casos, os estomatócitos representam de 10% a 50% do total de eritrócitos. A fragilidade osmótica e o teste de auto-hemólise estão alterados na estomatocitose hereditária.

    Os estomatócitos geralmente exibem um volume celular médio (VCM) aumentado, refletindo a hidratação excessiva das células. Essa hipertonicidade é acompanhada por uma diminuição na concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), devido à diluição do conteúdo hemoglobínico dentro do volume celular aumentado. Em relação a análise do esfregaço, a presença real de estomatócitos é condizente quando esta morfologia se apresenta de forma frequente por todo o esfregaço.

    A estomatocitose hereditária é uma condição complexa que ilustra a delicada interação entre a estrutura e a função da membrana eritrocitária. As mutações que perturbam o equilíbrio iônico levam a alterações significativas na forma e na estabilidade dos eritrócitos, culminando em anemia hemolítica. O reconhecimento das alterações morfológicas, particularmente a presença de estomatócitos, é fundamental para o diagnóstico.

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    Referências

    PEIXOTO, João Paulo de Sousa. Anemias Hemolíticas Hereditárias: fisiopatologia, clínica, e diagnóstico. 2017. Dissertação de Mestrado.

    MORAIS, Ana Luiza Leite; SCRIDELI, Carlos Alberto. Diagnóstico diferencial das anemias.

    Naoum, Flávio Augusto Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017