Colorações hematológicas
Em outros tempos, Donné, Bennett e Virchow inventaram o microscópio antes mesmo da existência das técnicas de colorações hematológicas, trazendo luz aos estudos de citologia. Nesse contexto, a principal abordagem era a análise da morfologia, uma vez que a coloração ainda não estava disponível. Portanto, é fácil imaginar a dificuldade de reconhecimento celular naquela época.
Romanowsky
Por volta de 1875, um cientista notável chamado Dmitri Leonidovich Romanowsky desenvolveu um corante revolucionário conhecido genericamente como “Romanowsky”. Ele criou uma solução alcoólica composta por azul de metileno e eosina que interage com as estruturas celulares com base nas variações de pH, conferindo características tintoriais às células e proporcionando detalhes colorimétricos. No espectro de pH, chamamos de ácidas as soluções aquosas com valores de 0 a 7, consideramos neutras aquelas com pH igual a 7 e alcalinas as que têm pH entre 7 e 14.
Características dos corantes
Azul de metileno (cora estruturas de pH ácido): Notavelmente alcalino, cora de azul a azul-violeta os ácidos nucléicos, nucleoproteínas, e os grânulos basófilos, e de forma branda os grânulos dos neutrófilos.
Eosina (cora estruturas de pH básico): Tipicamente ácida, cora a hemoglobina em tons de laranja e os grânulos eosinófilos. Além disso, contribui para a coloração das proteínas do núcleo.
Eficiência dos corantes
É importante destacar que as marcas e tipos de corantes podem variar na técnica exata de coloração. Não há um consenso universal sobre a melhor forma de colorir, mas é crucial evitar abordagens de coloração rápida, como o método panótico rápido. O pH da água e do próprio corante (conforme indicado na bula do fabricante) desempenham papéis fundamentais para garantir colorações de qualidade.
Um desafio comum relacionado aos corantes é o tempo de exposição. Ao experimentar um novo corante, podemos ajustar o tempo de uso de acordo com as necessidades específicas. Em algumas situações, a duração da coloração pode se tornar excessivamente ácida ou alcalina. Por exemplo, em uma coloração ácida, os eritrócitos podem ficar excessivamente alaranjados ou vermelhos, enquanto a coloração alcalina confere uma tonalidade azul-esverdeada.
Outro aspecto importante é a presença de resíduos de corantes, frequentemente resultantes do manuseio. Esses resíduos podem ser confundidos com plaquetas e, se estiverem sobre hemácias, podem ser erroneamente identificados como corpúsculos de Howell-Jolly. Portanto, é recomendável filtrar o corante para remover qualquer excesso.
Corantes da rotina laboratorial
As colorações de Leishman, Giemsa, May-Grunwald e Wright, que são variações da técnica do próprio Romanowsky, são comuns na rotina hematológica. Elas variam na concentração e qualidade dos corantes ácidos e básicos. Além dessas, existem outros corantes que têm uso especial e complementar na hematologia.
Um exemplo é o azul de cresil brilhante, que se caracteriza por ser um corante supravital, ou seja, permite que a célula continue seu processo de maturação. Ele é utilizado principalmente na contagem de reticulócitos, pois essa estrutura é corada por este corante.
Referências
- BAIN, Barbara J. Células Sanguíneas: Um Guia Prático. 5ª edição. Editora Artmed, 2016.
- MELO, Márcio et al. Laboratório de Hematologia: Teorias, Técnicas e Atlas. 2ª edição. Editora Rubio, 2019.
- DOLES REAGENTES. LEISHMAN. Disponível em: http://www.doles.com.br/produtos/instrucoes/LEISHMAN. pdf>. Acesso em: 7 de setembro de 2023.
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