Monócitos: identificando corretamente
Os monócitos exibem uma notável variabilidade morfológica, destacando-se por não possuírem uma forma estática, por assim dizer. Muitas vezes, eles assemelham-se aos linfócitos reativos (LRs), mas essas duas células apresentam distinções marcantes. Para evitar confusões entre essas duas categorias celulares, é imperativo concentrar-se em duas características centrais: o citoplasma e o padrão de cromatina.
Em geral, o citoplasma dos LRs é limpo; por outro lado, os monócitos exibem um aspecto “empoeirado”, “sujo” ou até mesmo com um matiz de vidro fosco, devido à presença de grânulos finos. Comparativamente, a cromatina dos monócitos é mais relaxada e delicada em relação à do linfócito reativo, cuja cromatina apresenta áreas condensadas e outras mais frouxas, com maior passagem de luz.
Morfologia
O formato nuclear dos monócitos ocasionalmente assume formatos como “D”, grão de feijão ou até mesmo “U”. Isso pode, por vezes, induzir à confusão com outros tipos celulares, como metamielócitos e bastões, que compartilham formatos nucleares similares. É de suma importância ressaltar que os monócitos se caracterizam exatamente pela variabilidade morfológica de seu núcleo (núcleo irregular).
Além disso, eles apresentam granulação fina, e seu citoplasma é caracteristicamente azul-acinzentado, o que é diferente de células mais jovens, como bastões e metamielócitos, que exibem um citoplasma com tonalidades azurófilas ou rosadas.
Monócitos x blastos
É importante discernir os monócitos dos blastos, que são células precursoras, possuindo uma relação núcleo-citoplasma mais visível, cromatina mais frouxa e frequentemente nucléolo(s) evidentes. Apesar de possuírem uma cromatina mais frouxa do que outros leucócitos maduros, a cromatina dos monócitos é mais condensada em comparação com a dos blastos.
Um conselho importante: Realizar uma análise minuciosa da cromatina e do citoplasma, pois esses são elementos-chave para a identificação precisa das células em questão. Além disso, o contexto, que envolve histórico, clínica e outros achados do próprio esfregaço, também é fundamental.
Referências
- OLIVEIRA, Raimundo Antônio Gomes. Hemograma: como fazer e interpretar. 1ª edição. 2007.
- BAIN, Barbara J. Células sanguíneas: um guia prático. 5ª edição. 2016.
- GREER, John P. et al. Hematologia clínica. 14ª edição. 2019.
- FAILACE, Renato; FERNANDES, Flavo. Hemograma: manual de interpretação. 6ª edição. 2015.
- MELO, Márcio Antônio Wanderley de; SILVEIRA, Cristina Magalhães da. Laboratório de Hematologia: Teorias, Técnicas e Atlas. 1ª edição. 2015.
- MARTELOSSI, Guilherme Cesar. Mecanismos de ativação da cascata intrínseca de coagulação induzidos por venenos botrópicos da América do Sul. Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-30052019-164127/publico/GUILHERMECESARMARTELOSSI.pdf>. Acesso em: 19 de agosto de 2023
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