D-DÍMERO: MARCADOR LABORATORIAL NA AVALIAÇÃO DA COAGULAÇÃO 

D-DÍMERO: MARCADOR LABORATORIAL NA AVALIAÇÃO DA COAGULAÇÃO 

O que é o D-dímero?

O D-dímero é um fragmento proteico resultante da degradação da fibrina, uma proteína necessária para a formação e estabilização dos coágulos sanguíneos. Sempre que um evento de coagulação ocorre, o organismo ativa mecanismos para dissolver esses coágulos, quando não são mais necessários, liberando D-dímero na circulação. Sua dosagem é amplamente utilizada na avaliação de processos trombóticos, como trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar (EP)

Durante a pandemia de COVID-19, esse biomarcador ganhou ainda mais destaque, sendo empregado no monitoramento da gravidade da infecção e no rastreamento de complicações tromboembólicas associadas ao SARS-CoV-2. Com o aumento da demanda por esse exame, sua aplicação clínica foi ampliada, consolidando-o como uma ferramenta essencial na investigação de distúrbios da coagulação.

Alterações morfológicas no hemograma e sua relação com o D-dímero:

Em pacientes com D-dímero elevado, podem ser identificadas alterações morfológicas no hemograma, refletindo um estado de ativação trombótica e fibrinolítica. Um dos achados mais relevantes é a presença de esquizócitos, fragmentos de hemácias resultantes da destruição mecânica de glóbulos vermelhos, frequentemente observados em condições como a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD).

Lâmina com presença de esquizócitos. Fonte: CellWiki.

A CIVD representa um quadro complexo de hipercoagulabilidade sistêmica, no qual múltiplos microtrombos se formam em pequenos vasos, consumindo plaquetas e fatores de coagulação. Isso leva a um estado paradoxal: ao mesmo tempo em que há risco de trombose, há também um aumento da tendência ao sangramento. 

Outras alterações laboratoriais, como trombocitopenia, trombocitose e leucocitose, podem ser encontradas, refletindo a resposta inflamatória sistêmica nesses pacientes.

Quando o D-dímero é indicado?

O D-dímero é amplamente utilizado como ferramenta auxiliar na avaliação de pacientes com suspeita de TVP e EP. Quando um trombo se forma dentro de uma veia profunda, ocorre um aumento da degradação da fibrina, resultando em níveis elevados desse marcador no sangue.

Em pacientes com baixa probabilidade clínica de trombose, um D-dímero normal pode ser suficiente para descartar a condição, evitando exames de imagem por exemplo. No entanto, quando há alta suspeita clínica, a negatividade do D-dímero não exclui a doença, sendo indispensáveis exames complementares, como ultrassonografia com Doppler ou angiotomografia pulmonar.

Outras condições associadas a D-dímero elevado:

Além dos eventos trombóticos, o D-dímero pode estar elevado em diversos contextos clínicos, como:

• Estados inflamatórios sistêmicos: Infecções graves, sepse e COVID-19;

• Doenças crônicas: Insuficiência renal, doenças hepáticas e câncer;

• Condições fisiológicas: Pós-operatório, gestação e envelhecimento.

Isso reforça a importância de uma interpretação criteriosa, sempre levando em conta o quadro clínico do paciente.

Como avaliar os resultados?

A quantificação do D-dímero é realizada por meio de exame de sangue, com resultados expressos em microgramas por mililitro (µg/mL) de unidade equivalente de fibrina (FEU) ou outras unidades, dependendo do método laboratorial. De maneira geral, valores inferiores a 500 ng/mL (FEU) são considerados normais e auxiliam na exclusão de eventos trombóticos em pacientes com baixa probabilidade clínica.

Interpretação clínica: Um marcador que exige contexto

Embora seja uma ferramenta valiosa na avaliação de distúrbios tromboembólicos, o D-dímero não deve ser utilizado isoladamente para diagnóstico. Seu principal papel é na exclusão de trombose, especialmente em pacientes com baixa probabilidade clínica.

Por ser um teste altamente sensível, um resultado negativo é útil para afastar TEV. No entanto, sua baixa especificidade exige cautela na interpretação de valores elevados, que podem estar presentes em múltiplas condições clínicas. O uso racional desse exame, aliado à avaliação clínica criteriosa e exames de imagem complementares, é essencial para uma abordagem diagnóstica eficaz e segura.

O papel do D-dímero na prática clínica

O D-dímero é um biomarcador muito importante na avaliação de eventos trombóticos, sendo uma peça-chave no raciocínio clínico. No entanto, seu valor diagnóstico está diretamente relacionado ao contexto clínico, devendo ser utilizado de forma integrada a outros parâmetros laboratoriais e exames de imagem.

Mais do que um simples número, sua correta interpretação pode impactar diretamente a condução dos casos, garantindo que decisões médicas sejam tomadas com maior precisão e segurança!

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Referências:

DOUBILET, Peter; WREN, S. M.; SWIGERT, T. J. Age-adjusted D-dimer to rule out pulmonary embolism: a retrospective cohort study. BMJ, v. 340, p. c1475, 2010. Disponível em: https://www.bmj.com/content/340/bmj.c1475.full. Acesso em: 26 fev. 2025.

SILVA, J. L. et al. Tromboembolismo venoso em pacientes COVID-19. Jornal Vascular Brasileiro, v. 19, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jvb/a/PJVXkwCHBcVtGZv7bZ939Dm/. 

SILVA, M. L. et al. Fibrinogen and D-dimer variances and anticoagulation recommendations in patients with COVID-19: a systematic review. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 66, n. 6, p. 838-845, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/nx6WHFrjxhPV5CrzNmNfyJJ/.

SILVA, Paulo Henrique da et al. Hematologia Laboratorial: Teorias e Procedimentos. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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