ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA – ADC

ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA – ADC

A anemia de doença crônica (ADC) é uma das manifestações hematológicas mais frequentes em pacientes com doenças inflamatórias persistentes. Caracteriza-se por uma resposta adaptativa do organismo diante de condições como infecções crônicas, doenças autoimunes e neoplasias, levando a alterações no metabolismo do ferro, na eritropoiese e na vida útil dos eritrócitos. Embora muitas vezes seja subdiagnosticada, a ADC pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, agravando o curso da doença de base.

As principais condições associadas à ADC incluem infecções de longa duração, como tuberculose e HIV, doenças inflamatórias crônicas, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, além de diversos tipos de neoplasias, incluindo linfomas e carcinomas. 

Os sintomas da anemia da doença crônica (ADC) são, em grande parte, influenciados pela condição subjacente, mas podem agravar o quadro clínico geral. Fadiga, tontura, palidez cutâneo-mucosa, dispneia e comprometimento da função cognitiva são queixas comuns, afetando a qualidade de vida do paciente. A intensidade dos sintomas varia conforme a gravidade da anemia e da doença de base, tornando essencial uma abordagem individualizada no manejo clínico.

CAUSAS E FISIOPATOLOGIA DA ADC:

A anemia da doença crônica (ADC) é um distúrbio multifatorial que reflete alterações no metabolismo do ferro, na eritropoiese e na resposta imunológica inflamatória. Ressalva-se que a classificação de “doença crônica” não é suficiente para caracterizar esta anemia. O mecanismo da ADC é condicionado ao aumento de citocinas pró inflamatórias, gerando “aprisionamento” do ferro e menor absorção intestinal, redução da produção de eritropoietina ( além de menor resposta dos precursores eritroides a esse hormônio)

Ao contrário da anemia ferropriva, onde há deficiência real de ferro, na ADC o ferro encontra-se sequestrado dentro das células do sistema fagocítico mononuclear, indisponível para a produção de hemoglobina. Esse processo é mediado por uma resposta inflamatória sustentada, que interfere na regulação da homeostase do ferro e compromete a produção de novos eritrócitos, resultando em um quadro de anemia normocítica e normocrômica na maioria dos casos.

O papel das citocinas pró-inflamatórias, como interferona-γ (IFN-γ), fator de necrose tumoral α (TNF-α) e interleucina-6 (IL-6), é central na fisiopatologia da ADC. Essas substâncias promovem o aumento da expressão do transportador DMT-1, favorecendo a captação de ferro pelos macrófagos, ao mesmo tempo em que reduzem a expressão da ferroportina, impedindo a liberação do ferro para a corrente sanguínea. 

Além disso, a IL-6 estimula a síntese de hepcidina, um regulador chave do metabolismo do ferro, que bloqueia sua absorção intestinal e mobilização hepática, acentuando a restrição de ferro para a eritropoiese.

Além da desregulação do ferro, a ADC também é marcada por uma resposta inadequada da medula óssea à anemia. A interferona-γ, em conjunto com IL-1, TNF-α e outras citocinas, inibe diretamente a proliferação das células progenitoras eritroides, além de reduzir a expressão dos receptores de eritropoetina, dificultando a estimulação da eritropoiese. 

Essa complexa interação entre imunidade, metabolismo do ferro e hematopoiese torna a ADC um desafio diagnóstico e terapêutico, exigindo uma abordagem clínica criteriosa e individualizada.

ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS:

A anemia da doença crônica (ADC) é frequentemente caracterizada por uma anemia normocítica e normocrômica, com níveis de hemoglobina variando entre 8 a 10 g/dL, o que representa uma forma leve a moderada da condição. É raro observar valores inferiores a 8 g/dL. O hematócrito geralmente fica entre 25% e 40%, enquanto o volume corpuscular médio (VCM) raramente cai abaixo de 75 fL. 

Em situações menos comuns, pode-se encontrar casos de anemia microcítica-hipocrômica ou normocítica-hipocrômica, embora essas apresentações sejam exceções. 

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Referências:

PERES, B. Anemia de doença crônica. Curso de Pós-Graduação em Hematologia Clínica e Laboratorial da Academia de Ciência e Tecnologia, de São José do Rio Preto/SP, 2021.

DE CARVALHO, Miriam Corrêa; BARACAT, Emílio Carlos Elias; SGARBIERI, Valdemiro Carlos. Anemia ferropriva e anemia de doença crônica: distúrbios do metabolismo de ferro. Segurança alimentar e nutricional, v. 13, n. 2, p. 54-63, 2006. 

MELO, Estefane Ribeiro et al. Anemia da doença crônica: uma revisão da fisiopatologia, do diagnóstico e do tratamento. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 12, p. 98941-98947, 2020.

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