MONONUCLEOSE INFECCIOSA
Alterações Hematológicas
A mononucleose infecciosa (MI), comumente conhecida como “doença do beijo”, é uma doença febril aguda e contagiosa, provocada pelo vírus Epstein-Barr. Ela afeta principalmente pessoas entre 15 e 25 anos de idade, a doença também possui uma baixa taxa de mortalidade, apresenta manifestações geralmente benignas e exibe uma ampla variedade de sintomas.
O EBV é um vírus da família dos herpesvírus, transmitido principalmente pela saliva. Após a infecção inicial, o vírus infecta os linfócitos B através da interação com o receptor CD21 presente na superfície dessas células. O ciclo infeccioso do EBV pode ser dividido em três fases principais:
- Infecção Inicial e Replicação: Após a entrada no corpo, o EBV inicialmente infecta células epiteliais da orofaringe e linfócitos B. Essas células são responsáveis por mediar a resposta imune humoral, o que torna os linfócitos B um alvo ideal para o vírus.
- Resposta Imunológica: A infecção pelo EBV provoca uma resposta imunológica robusta, principalmente mediada pelos linfócitos T. A presença de células infectadas pelo EBV desencadeia a ativação dos linfócitos T citotóxicos (CD8+), que são responsáveis por eliminar as células infectadas e controlar a disseminação viral. Essa resposta leva à proliferação massiva dos linfócitos T, causando a linfocitose característica da doença.
- Latência: Após a fase aguda da infecção, o EBV estabelece uma infecção latente nos linfócitos B de memória, permitindo que o vírus persiste no corpo por toda a vida do indivíduo. Durante a latência, o vírus permanece inativo, mas pode ser reativado sob determinadas condições.
A resposta imunológica contra o EBV é responsável por muitos dos sintomas clínicos da MI, incluindo as alterações hematológicas.
Alterações Hematológicas
A MI afeta de maneira significativa a contagem e a morfologia dos leucócitos. As principais alterações observadas incluem:
- Linfocitose: Um dos achados mais marcantes é a elevação no número de linfócitos, que pode ser superior a 50% do total de leucócitos. Em muitos casos, essa linfocitose absoluta é acompanhada de uma elevação significativa de linfócitos reativos.
- Linfócitos reativos: Uma característica chave da MI é a presença de linfócitos reativos no sangue periférico. Representam, em sua maioria, linfócitos T que reagem contra os linfócitos B infectados.
- Neutropenia: Em alguns pacientes, uma leve neutropenia pode ser observada durante a fase aguda da infecção. Isso ocorre devido à predominância de linfócitos e à menor produção de neutrófilos pela medula óssea, devido a liberação de interleucinas específicas.
- Trombocitopenia Leve: Uma leve redução na contagem de plaquetas também pode ocorrer, embora raramente seja clinicamente significativa.
A característica morfológica, como citado, é a presença de linfócitos reativos. Essas células exibem alterações morfológicas que as diferenciam dos linfócitos normais. São significativamente maiores do que os linfócitos normais, frequentemente medindo entre 12 a 30 µm de diâmetro.
O formato destas células,assim como do seu núcleo, por vezes é irregular. A cromatina, relaciona-se pela célula apresentar um padrão de “esticamento”, assim é mais frouxa, podendo haver nucléolos visíveis. O citoplasma é abundante, podendo apresentar basofilia mais intensa ou mais branda. Além disso, o citoplasma pode apresentar basofilia residual em torno de hemácias adjacentes.
Células de Downey em mononucleose infecciosa. Fonte: Cellwiki
Embora a presença de linfócitos reativos seja característica na MI, outras condições, como infecções virais e reações a medicamentos, também podem causar a formação dessas células. Portanto, é essencial correlacionar os achados morfológicos com o contexto clínico e com testes laboratoriais confirmatórios.
Além das alterações hematológicas observadas no hemograma e no esfregaço sanguíneo, o diagnóstico da mononucleose infecciosa pode ser confirmado por meio de testes sorológicos e moleculares e sorologia.
Em conclusão, a mononucleose infecciosa induz profundas alterações hematológicas, particularmente na morfologia dos leucócitos. A proliferação de linfócitos reativossão características centrais da doença. A correta identificação dessas células é fundamental para o diagnóstico da MI, diferenciando-a de outras condições hematológicas. Embora os achados morfológicos sejam valiosos, o diagnóstico definitivo deve ser complementado por exames sorológicos e moleculares para confirmar a presença do EBV.
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Referências
DE OLIVEIRA, Juliana Linhares et al. O vírus Epstein-Barr e a mononucleose infecciosa. Revista Brasileira de Clínica Médica, v. 10, n. 6, p. 535-543, 2012.
Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006
Oliveira, LP et al. Diagnóstico diferencial de infecção por Epstein-Barr e doença linfoproliferativa: relato de caso. Hematologia, Transfusão e Terapia Celular , 2022.
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